O rótulo Casa Tés 2022 é o único vinho brasileiro presente na lista World’s Best Sommeliers’ Selection 2025. A seleção foi divulgada nesta terça-feira (25) e contém 123 vinhos de 19 países escolhidos após degustações de renomados sommeliers de todo o mundo.
Esta é a segunda edição da lista. A seleção teve início no ano passado e é promovida pela mesma empresa por trás dos rankings The World’s 50 Best Restaurants, The World’s 50 Best Bars, The World’s 50 Best Hotels e World’s Best Vineyards.
Para tentar um lugar na lista, produtores de todo o mundo enviaram as melhores garrafas para degustações, que foram sediadas no Reino Unido em janeiro. O painel foi formado por sommeliers e diretores de bebidas de quatro continentes e 18 países.
Entre eles estão sommeliers de restaurantes como Disfrutar, eleito o melhor do mundo em 2024, assim como sommeliers dos restaurantes Table by Bruno Verjus, em Paris; Maido, em Lima; e Sézanne, em Tóquio. Pablo Rivero, sommelier do portenho Don Julio, e Danyel Steinle, do italiano Nelita, em São Paulo, também avaliaram os rótulos.
Casa Tés 2022
O rótulo nacional é um blend de Cabernet Franc e Merlot produzido pela Casa Tés, vinícola que começou a trajetória em 2017 em uma antiga fazenda de café em São Sebastião da Grama, no Vale da Grama, que é circundado pela Serra da Mantiqueira, em São Paulo
Os sommeliers descreveram o exemplar como um “tinto poderoso” e que exala frutas vermelhas, cerejas, toques de menta, ervas aromáticas e folhagem verde no nariz.
O vinho passa pelo processo de maceração a frio, a 7 °C, por cinco dias. É vinificado em tanque de concreto a 22 °C e passa por estágio em barricas de carvalho francês por cerca de 12 meses. O resultado, segundo a avaliação, é uma “intensidade média, acidez alta, taninos granulados, corpo cheio e final mineral”.
As dicas dos sommeliers apontam que o vinho harmoniza com carne e vegetais com pimenta do reino ou ainda com pizza de espinafre e bacon.
“Representar a bandeira do vinho brasileiro na seleção deste ano é uma verdadeira honra. Produzidos em terrenos frequentemente desafiadores, nossos vinhos refletem um terroir único, então foi um prazer compartilhar isso com os sommeliers”, disse Pedro Testa, fundador da Casa Tés.
O rótulo é vendido por R$ 520, mas para adquiri-lo é necessário se cadastrar na lista de alocação da vinícola. Somente pessoas cadastradas recebem ofertas de venda, que é feita pela própria Casa Tés, já que a produção dos vinhos é limitada e personalizada.
A vinícola
A Casa Tés fica no Vale da Grama, que possui topografia acidentada, solo rochoso e falésias de granito. A propriedade está entre 950 e 1.300 metros acima do nível do mar e tem videiras plantadas desde 2017.
O vale se estende desde a borda da cratera de uma formação vulcânica que envolve a cidade de Poços de Caldas e segue em direção a São Sebastião da Grama, no sopé da Serra da Mantiqueira. Mais de 40% das terras da propriedade são dedicadas à preservação da vegetação nativa, abrigando ainda nascentes d’água.
As variedades de uvas cultivadas são: Cabernet Franc, Merlot, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc e Semillon. A vinícola opera com intervenção mínima, com vinificação em tanques de concreto e aço inoxidável. Após a fermentação, o vinho é envelhecido em barricas de carvalho francês.
Vinhos da América do Sul
Outros vinhos da América do Sul também se destacaram entre os rótulos do World’s Best Sommeliers’ Selection 2025. Ao todo, 23 vinhos de quatro países da região foram recomendados pelos sommeliers, sendo 17 tintos e seis brancos.
A Argentina saiu na frente com 13 rótulos, incluindo exemplares de vinícolas famosas, como Familia Zuccardi e Catena Zapata, de Mendoza. A Bodega Colomé, em Salta, também se destacou com um vinho.
Em seguida aparece o Chile, com cinco vinhos, todos blends do Vale do Rapel. Apareceram na lista três vinhos da vinícola Clos Apalta e dois da vinícola VIK.
Por fim, o Uruguai apareceu na lista com quatro vinhos, todos tintos e das regiões de Maldonado e Canelones. Três vinhos da lista são da vinícola Sacromonte e um é da Bodega Bouza.
Vale destacar que, durante a degustação dos vinhos, os sommeliers tiveram acesso à história e aos vídeos de cada rótulo. O painel forneceu notas de degustação e combinações de harmonização. Eles então discutiram e chegaram a uma decisão consensual sobre se o vinho degustado seria incluído na seleção ou não.
Confira a lista completa deste ano neste link.
Sul de Minas ganha indicação geográfica para produção de vinhos