Durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (7), ao lado do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, no Salão Oval da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que receberá o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Washington na próxima semana e que também falará por telefone com o ditador da Rússia, Vladimir Putin. O objetivo, segundo Trump, é buscar uma solução para a guerra em curso no leste europeu, que já dura quase três anos.
“Provavelmente me reunirei com o presidente Zelensky na próxima semana e também falarei com o presidente Putin. Eu gostaria que essa guerra terminasse”, declarou o presidente americano.
Trump e Zelensky se encontraram em dezembro, em Paris, durante uma reunião mediada pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Na ocasião, Trump ainda não havia assumido a Casa Branca oficialmente, mas já atuava como presidente eleito após derrotar a democrata Kamala Harris nas eleições de novembro.
Sobre sua relação com Putin, Trump ressaltou que os dois “sempre tiveram um bom diálogo”.
“Putin e eu sempre mantivemos uma boa relação. Por isso, é tão triste que isso [a guerra] tenha acontecido. Isso nunca teria ocorrido se eu fosse presidente”, afirmou.
Trump também chamou atenção para a devastação causada pelo conflito, comparando a situação da Ucrânia e a guerra em Gaza.
“Falamos de Gaza, mas olhem para a Ucrânia. Muitas dessas cidades [do país] são apenas escombros. É tão triste, nunca deveria ter acontecido. Todas aquelas belas cúpulas douradas, mas o mais importante, todas aquelas belas pessoas mortas. Nunca deveria ter acontecido”, lamentou.
Zelensky busca acordo com os EUA em troca de minerais estratégicos
O anúncio da reunião ocorre no momento em que Zelensky tenta reforçar seus laços com os EUA e oferecer uma parceria mineral como contrapartida ao apoio americano. Em entrevista à agência Reuters nesta sexta-feira, o presidente ucraniano revelou que a Ucrânia está disposta a negociar o fornecimento de terras raras e outros minerais essenciais aos Estados Unidos.
“Se estamos falando de um acordo, então vamos fazer um acordo, somos totalmente favoráveis”, disse Zelensky, ressaltando a necessidade de garantias de segurança para seu país.
A Ucrânia possui grandes reservas de minerais estratégicos, incluindo titânio e urânio. Zelensky alertou que parte dessas reservas já está sob controle russo e que Moscou pode usá-las para fortalecer aliados como Coreia do Norte e Irã.
“Precisamos parar Putin e proteger o que temos – uma região muito rica do Dnipro, no centro da Ucrânia”, afirmou.
Além dos minerais, a Zelensky também propôs que seus enormes depósitos subterrâneos de gás sejam utilizados pelos EUA para armazenamento de gás natural liquefeito (GNL), transformando o país em um hub energético para a Europa.
“Sei que a administração Trump está muito interessada nisso. Estamos prontos e dispostos a firmar contratos para o fornecimento de GNL para a Ucrânia. E, claro, seremos um centro para toda a Europa”, disse Zelensky.
O presidente ucraniano quer garantir que sua voz seja ouvida antes que Trump converse com Putin e revelou que sua equipe mantém contato diário com os assessores do presidente americano, incluindo Keith Kellogg, enviado especial para a Rússia e Ucrânia, e Michael Waltz, assessor de segurança nacional.
“Falamos sobre questões gerais, mas os detalhes virão um pouco mais tarde”, explicou.