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Trump quer transformar Gaza em paraíso turístico

O presidente dos EUA, Donald Trump, provocou uma convulsão internacional nesta terça-feira (4) com sua sugestão de tornar a Faixa de Gaza a nova “Riviera do Oriente Médio”. A declaração surgiu durante uma coletiva com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que visitou a Casa Branca a convite do líder republicano.

Um dos pontos levantados por Trump que mais contribuíram com as críticas e os questionamentos envolve o deslocamento de palestinos para fora do enclave para a “reconstrução” da área. “Não quero ser brincalhão ou espertinho, mas a Riviera do Oriente Médio… Isso poderia ser magnífico”, sugeriu o presidente americano, mostrando sua face empresarial de longa data.

Nesta quarta-feira (5), Trump voltou a comentar o projeto, afirmando que “todo o mundo adora” seu plano para que os EUA tomem o controle da Faixa de Gaza e realoquem os palestinos em outros países da região. Por outro lado, ele se recusou a dar detalhes sobre a proposta, dizendo que “não era o momento adequado” para isso.

Essa não foi a primeira vez que o presidente deu pistas de seu “projeto empresarial” para o enclave palestino. No dia da posse, em 20 de janeiro, Trump disse a repórteres: “Você sabe, Gaza é interessante, é uma localização fenomenal, no mar, o melhor clima. Tudo é bom. Algumas coisas bonitas poderiam ser feitas com ela”. Por fim, ele acrescentou que poderia ajudar na reconstrução da pequena Faixa.

A escolha de Steve Witkoff – um incorporador imobiliário – para ser o enviado dos EUA no Oriente Médio também aponta para seu interesse em novos investimentos na região. Ele é um dos maiores apoiadores do projeto “Riviera” do presidente.

Uma fonte familiarizada com o assunto contou ao jornal The Wall Street Journal (WSJ) que Trump já vinha conversando com Netanyahu sobre uma visão empresarial para a Faixa de Gaza, dizendo que “era um pedaço de terra nobre” e que ele [Netanyahu] deveria pensar sobre os tipos de imóveis que poderiam ser construídos na região.

Essa mesma oferta de reconstrução foi feita ao ditador norte-coreano, Kim Jong Un, durante o primeiro mandato do líder republicano (2017-2021). Trump sugeriu o levantamento de hotéis imponentes em troca do desmantelamento do arsenal nuclear de Pyongyang. O plano não alcançou êxito, mas o presidente voltou a sugerir que tentaria um novo contato com Kim nesta nova administração.

Trump também teria sugerido ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que o país seria um bom local para o desenvolvimento imobiliário, principalmente a cidade de Odessa, disse ao WSJ uma pessoa presente no encontro dos dois líderes, no ano passado.

O caminho para atingir o objetivo de reconstruir Gaza e transformá-la em um paraíso turístico, no entanto, possui diversos obstáculos.

Muitos países, incluindo Alemanha, Reino Unido e França, veem a “oportunidade” de Trump como uma violação do direito internacional, enquanto nações árabes acreditam que essa é uma tentativa de liquidar as chances de formação de um Estado palestino.

Trump insistiu que Jordânia e Egito deveriam aceitar mais refugiados palestinos procedentes de Gaza, uma proposta que foi repetidamente rejeitada por esses dois países ao longo dos últimos meses, bem como por Emirados Árabes Unidos, Catar, e Arábia Saudita. Portanto, um primeiro empecilho é o apoio internacional debilitado.

Outra questão que trará efeitos imediatos para os EUA é o fato de que ao assumir o controle do território habitado por palestinos, Washington se posiciona no centro dos conflitos diplomáticos mais complexos do mundo. Trump também tenta negociar um novo acordo nuclear com o Irã, país com o qual os EUA enfrentam certa rivalidade.

Apesar de ter prometido durante sua campanha eleitoral retirar os EUA dos conflitos no Oriente Médio, Trump não descarta agora o envio de tropas americanas para apoiar a reconstrução de Gaza e assegurou que seu país faria “o que fosse preciso” para levar adiante esse projeto.

O novo plano apresentado pelo republicano nesta semana, junto a outras medidas nessas primeiras semanas de governo, lança dúvidas sobre o papel que a Casa Branca desempenhará no exterior nos próximos anos, já que incialmente o presidente pareceu defender uma visão mais isolacionista para esse segundo mandato, focado no desenvolvimento nacional, mas agora desenvolve um aparente ideal expansionista.

Após a coletiva com o anúncio de sua proposta para Gaza, Trump prometeu visitar Israel, Arábia Saudita e a Faixa de Gaza, sem especificar datas para as viagens. “Eu amo Israel, visitarei Israel. Visitarei Gaza, visitarei a Arábia Saudita e visitarei outros lugares no Oriente Médio”, disse em uma entrevista coletiva após se reunir com Netanyahu.

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