SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ataque a tiros em uma escola de Örebro, no centro da Suécia e a cerca de 200 km a oeste da capital, Estocolmo, deixou cerca de dez mortos, número que possivelmente inclui o agressor, disse a polícia nesta terça-feira (4). Trata-se do mais grave incidente do tipo na história do país nórdico.
Inicialmente, as autoridades falaram em cinco feridos durante uma entrevista coletiva horas após o ataque, que ocorreu às 12h30 locais (8h30 no Brasil). Após a imprensa mencionar a ocorrência de mortes, porém, uma nova entrevista com Roberto Eid Forest, chefe da policia dessa cidade de cerca de 150 mil habitantes, atualizou os números.
“A razão pela qual não podemos ser mais precisos agora é porque a extensão do incidente é grande”, disse Forest a jornalistas. Mais de seis horas após o ataque, uma busca por possíveis vítimas ainda estava em andamento na escola.
Um porta-voz do Hospital Universitário, onde vítimas foram atendidas, disse à Reuters que, dos cinco pacientes admitidos, um teve ferimentos leves e quatro foram operados. Dois desses saíram da cirurgia e estão estáveis, enquanto um teve ferimentos graves, segundo a agência de notícias. Já uma nota divulgada por autoridades locais fala em seis hospitalizados, dos quais nenhum era criança.
A polícia não quis dar detalhes a respeito do perfil ou da idade dos feridos, mas afirmou que o atirador é um homem que possivelmente agiu sozinho e que ele também pode ter sido baleado. “Quanto a dizer algo mais sobre o perpetrador, ainda é muito cedo. A operação está em andamento e isso certamente ficará mais claro. Mas estamos trabalhando muito intensamente agora”, disse Forest.
As causas do crime também não foram esclarecida, mas a polícia disse não ter visto, até agora, “motivação terrorista”. Segundo a emissora pública STV, o suspeito é um homem de 35 anos cuja residência está sendo cercada por policiais. Uma investigação por assassinato, incêndio criminoso e um delito agravado de armas foi aberta.
Logo após os tiros, imagens da escola mostram diversos carros e agentes policiais com ambulâncias e veículos de emergência.
O incidente ocorreu na Risbergska, uma escola que lida especialmente com educação de adultos, mas que divide seu campus com instituições que atendem crianças. A polícia afirma que os estudantes foram mantidos dentro dos prédios, tanto no local onde os tiros foram disparados quanto nas escolas próximas. Em seguida, os alunos e funcionários começaram a ser retirados.
Na rede social X, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, afirmou que o governo está em contato com a polícia e monitorando de perto os acontecimentos. “É um dia muito doloroso para toda a Suécia. Meus pensamentos também estão com todos aqueles cujo dia escolar normal foi trocado pelo terror. Ficar confinado em uma sala de aula preocupado com sua própria vida é um pesadelo que ninguém deveria passar”, disse.
À emissora pública STV, o ministro da Justiça, Gunnar Strömmer, classificou a notícia de “muito séria”. Diversas outras autoridades e políticos do país se pronunciaram, dentre eles a líder do partido Social-Democrata, Magdalena Andersson. “Após os terríveis relatos de tiros em uma escola em Örebro, meus pensamentos estão com os afetados, seus familiares e os policiais no local”, afirmou.
De acordo com a STV, os disparos foram feitos com arma automática. Citando a polícia, o tabloide Expressen diz que não há agentes feridos, mas que houve troca de tiros com o agressor.
“Ouvi tiros, então me tranquei e estou aguardando notícias. Ativamos um alarme no aplicativo de segurança e estou me comunicando com meus colegas”, afirmou Petter Kraftling, professor em uma das escolas, ao site do sindicato de professores sueco ‘Vi larare’.
A professora Maria Pegado, 54, disse que alguém abriu a porta de sua sala de aula logo após o intervalo para o almoço e gritou para todos saírem. “Levei todos os meus 15 alunos para o corredor e começamos a correr”, disse ela à Reuters por telefone. Enquanto saía do prédio, Pegado disse ter ouvido dois tiros. “Vi pessoas arrastando feridos para fora, primeiro um, depois outro. Percebi que era muito sério.”
A Suécia tem enfrentado uma onda de tiroteios devido à presença de gangues no país, mas ataques em escolas são raros. Nos últimos anos, porém, alguns incidentes do tipo ocorreram em instituições de ensino.
Em março de 2022, por exemplo, um estudante de 18 anos esfaqueou e matou dois professores em uma escola secundária na cidade de Malmö, no sul. Dois meses antes, um jovem de 16 anos foi preso depois de ferir outro estudante e um professor com uma faca em uma escola na pequena cidade de Kristianstad.
Dez pessoas foram mortas em sete incidentes em escolas de 2010 a 2022, de acordo com o Conselho Nacional Sueco de Prevenção ao Crime. Um dos crimes mais notórios dessa natureza na última década ocorreu em 2015, quando um agressor mascarado de 21 anos, motivado por razões racistas, matou um assistente de ensino e um menino e feriu outras duas pessoas.