O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, defendeu nesta terça (25) a exploração de gás de xisto no Brasil pelo método de fraturamento hidráulico – ou “fracking” – que contém alto risco ambiental, segundo técnicos.
Atualmente não há exploração de gás natural “não convencional” no país, como é chamado tecnicamente, mas faz parte do programa “Gás para Empregar”, que estuda formas de incentivar a produção do combustível para o abastecimento de indústrias.
“Pensamos que faria bem ao Brasil avançar, dentro da maior segurança ambiental, mas avançar no gás não convencional ou gás de fracking porque nós importamos”, disse o ministro em um evento em São Paulo.
Ainda durante o evento, ele afirmou que o objetivo do “planejamento energético” do país é garantir investimentos voltados à transição energética e à economia verde. Silveira pontuou que novos leilões estão previstos para este país.
“Estamos com uma perspectiva muito grande da participação do setor privado no leilão, o que é muito positivo para o consumidor de energia brasileiro, além de uma demonstração de confiança no Brasil. Acreditamos que vamos deixar um grande legado de uma matriz mais segura para o nosso país”, disse.
Segundo o ministério, há 327 projetos cadastrados para o leilão de capacidade voltado ao gás natural. “O gás é visto no mundo inteiro como um combustível de transição energética, e queremos usá-lo para reindustrializar o Brasil”, emendou.
O apoio de Silveira à exploração de gás de xisto pelo método de fracking ocorre em meio à polêmica da pressão do governo para que o Ibama libere o licenciamento ambiental para a extração de petróleo na costa do Amapá, na foz do rio Amazonas na bacia da Margem Equatorial.
O Brasil atualmente consome este tipo de gás importado da Argentina, mas estudos da Empresa de Pesquisa Energética apontam que um grande potencial 15 vezes superior às reservas atuais. A produção nacional poderia baratear o combustível.
Entre as áreas com grande potencial de extração estão os estados do Paraná e de Santa Catarina, que já aprovaram leis contrárias à exploração por conta dos riscos ambientais. Isso porque o fraturamento hidráulico é feito com o uso de uma grande quantidade de água que, após a utilização, pode contaminar os lençóis freáticos com os rejeitos da técnica.
A exploração deste tipo de gás no Brasil é discutida há mais de uma década, e chegou a ter um início de planejamento em meados de 2020 com um programa que pretendia perfurar um poço de testes para avaliar a técnica empregada e seus impactos. No entanto, o projeto não avançou.
O licenciamento ambiental para a liberação da exploração de gás de xisto pelo “fracking” também passa pelo Ibama, que atualmente está segurando a liberação da foz do rio Amazonas por mais estudos e esclarecimentos da Petrobras.