Uma nova carta elaborada por gerentes e assistentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi divulgada nesta segunda-feira (20) com críticas ao presidente Márcio Pochmann, após ele rebater o sindicato da categoria que aponta falta de diálogo com o quadro técnico e o Conselho Diretor. O documento conta com a assinatura de 100 servidores.
Segundo o documento, “a condução administrativa do Sr. Pochmann tem sido pautada por posturas autoritárias e desrespeito ao corpo técnico da casa, tendo culminado, em 15 de janeiro de 2025, na divulgação de um comunicado à sociedade para desferir ataque inaceitável à integridade ética dos servidores e de seu sindicato”.
Também rebateram o comunicado, em que o IBGE condenou o que seriam “ataques de servidores e ex-servidores, instituições sindicais, entre outros” e afirma que poderá recorrer à Justiça contra o que classifica como “desinformação e mentiras”.
“Diferentemente do que diz o referido comunicado, os servidores nunca atacaram ou levantaram mentiras sobre o IBGE. Ao contrário, somos absolutamente comprometidos com a qualidade das informações estatísticas e geocientíficas que produzimos até hoje”, explicam.
A crise no IBGE se intensificou após a suposta criação de uma fundação público-privada que usa o próprio nome do instituto, “sem que houvesse ampla discussão sobre os possíveis riscos à nossa autonomia e à confiabilidade dos dados”.
“A condução do IBGE com viés autoritário, político e midiático pela gestão Pochmann é a verdadeira causa da crise em que se encontra a instituição. Sua gestão ameaça seriamente a missão institucional¹ e os princípios orientadores² do IBGE, na medida em que impõe a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros para a realização das pesquisas e projetos que compõem nossa agenda de trabalho”, complementam.
Por fim, eles ainda criticam Pochmann por acusar “os servidores de estarem contrariados pelo fim do regime remoto integral, devido a interesses particulares” e pedem o “apoio da sociedade a atenção das autoridades para sanar a crise instaurada”.
“Contudo, o desejo dos servidores é que o modelo de trabalho fosse devidamente discutido, levando em consideração a qualidade e o ganho de produtividade da instituição. Pedimos que nossa experiência na gestão das áreas técnicas fosse escutada e isso não foi atendido. O clima organizacional está deteriorado e as lideranças encontram sérias dificuldades para desempenhar suas funções”, conclui a carta.
Resposta do IBGE
Em resposta à Gazeta do Povo, nesta terça-feira (21), o IBGE reiterou a mensagem do comunicado apresentado no último dia 15 de janeiro e reforçou que os ataques dos servidores são “condenáveis” e “mentirosos”. Segundo a assessoria, “a direção do IBGE seguirá o exemplo dado pelo Supremo Tribunal Federal e a Advocacia-Geral da União, que vêm enfrentando judicialmente a desinformação e as mentiras”.
“São condenáveis os ataques de servidores e ex-servidores, instituições sindicais, entre outros, que têm espaço na internet e em veículos de comunicação para divulgar mentiras sobre o próprio IBGE”, disse em nota.
Em relação a mudança no regime de trabalho, com o fim do home office e a adoção do modelo híbrido, a presidência justificou a decisão afirmando que a maioria dos institutos nacionais de estatística já retornou ao trabalho presencial até o ano de 2023.