Três integrantes do gabinete do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, renunciaram num intervalo de menos de 24 horas após uma reunião do alto escalão do governo na noite de terça-feira (4), que foi televisionada e na qual afloraram as diferenças com o mandatário esquerdista.
O mais recente membro do gabinete a anunciar sua saída foi o ministro da Cultura, Juan David Correa, nesta quarta-feira (5). Mais cedo, havia renunciado o diretor do Departamento Administrativo da Presidência da República (Dapre), Jorge Rojas, homem de confiança do presidente.
O primeiro a deixar o governo na atual crise havia sido o diretor da Unidade Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (UNGRD), Carlos Carrillo, que fez o anúncio logo após a reunião.
“Nós que não fomos eleitos não podemos nos aferrar a dignidades; o mínimo gesto de gratidão é não amarrar as mãos do presidente. Coloco meu cargo à disposição”, escreveu no X.
O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, propôs nesta quarta-feira a renúncia de todo o gabinete, por considerá-lo “insustentável”, após a reunião de ontem à noite, na qual a vice-presidente colombiana Francia Márquez e vários chefes de departamento criticaram Petro pela maneira como está conduzindo o governo.
O centro da discórdia no governo é o ex-embaixador Armando Benedetti, acusado de corrupção, que foi nomeado ontem por Petro como chefe do Gabinete Presidencial, decisão que foi criticada durante a reunião de ontem por vários ministros e pela própria vice-presidente Francia Márquez.
Outro alvo de críticas da vice-presidente e de vários ministros foi a nova ministra das Relações Exteriores, Laura Sarabia, considerada o braço-direito de Petro e que supostamente controlaria o acesso ao presidente por meio dos diversos cargos que ocupou neste governo.
No X, Petro escreveu que decidiu transmitir a reunião do Conselho de Ministros para que os integrantes do seu gabinete fossem cobrados publicamente sobre os resultados de “um estudo sobre o número de compromissos assumidos com a população e a elevada porcentagem de descumprimento”.
O presidente da Colômbia alegou que vários ministros preferiram usar a reunião para criticar Sarabia e Benedetti, ao invés de prestar contas. “Preferiram evitar respostas e lançar um ataque canibal e autodestrutivo que é uma tradição histórica não só da esquerda, mas da Colômbia [inteira]”, disparou.