O Avenida vai entrar em campo contra o Caixas às 19h (de Brasília) desta quarta-feira (05), pela quinta rodada do Campeonato Gaúcho, com uma novidade à beira do gramado: o técnico Gabriel Dutra, de 28 anos, que vai estrear na elite do estadual. A pouca idade do novo comandante chamou atenção de torcedores: dos 25 atletas do elenco, 12 são mais velhos que ele.
O próprio Gabriel Dutra, em entrevista à ESPN, admitiu surpresa com o convite, apesar de garantir estar preparado para a função. Trabalhar com jogadores mais experientes, ele disse, não é empecilho. A diferença de idade é suprida por respeito e “olho no olho”.
Antes de ser anunciado pelo Avenida, na última segunda-feira (03), o agora técnico foi analista de desempenho no Avaí e auxiliar em equipes como Novo Hamburgo, Azuris, São Luiz e GE Brasil. As experiências como treinador acontecerem no Glória, que disputou a divisão de acesso do Gauchão em 2023, e no sub-20 do Fortaleza. O último trabalho foi auxiliando Fabiano Daitx no Gaúcho, de Passo Fundo.
“Confesso que fiquei surpreso [com o convite]. Tenho uma relação muito boa com o Guilherme Eich, diretor do Avenida, e nós conversávamos muito sobre atletas, jogos, enfim. Mas confesso que não esperava um convite desse para assumir a equipe principal. Grata surpresa, que me deixa muito feliz”, contou.
“Quando houve o desligamento do William Campos (antigo treinador do Avenida), o Guilherme me ligou e perguntou se eu estava preparado para um desafio como esse. Prontamente respondi que estava e aguardava ansiosamente uma oportunidade”, seguiu.
Gabriel Dutra tinha desejo de ser treinador. Ele até tentou ser jogador de futebol, mas, por volta dos 15 anos, quando percebeu que não teria sucesso dentro de campo, focou em conquistar espaços nos bastidores. Se formou em Educação Física e começou a rodar por equipes do Sul nas diferentes funções.
O trabalho como analista no Avaí, entre 2016 e 2021, deu a “cancha” que ele entende ser necessária para trabalhar com jogadores mais velhos. No time de Santa Catarina, conviveu com medalhões do futebol, como o lateral Edilson, ex-Corinthians, Grêmio e Cruzeiro, e o zagueiro Betão, também ex-Corinthians. No Avenida, o atleta mais velho é o goleiro Rodrigo Mamá, de 41 anos.
“Eu respeito igualmente um atleta de 41 anos e um de 21. O respeito é o mesmo, o olho no olho é o mesmo. A conversa é franca e direta. Sempre convivi com atletas mais velhos e sempre tive respeito a partir da minha postura de respeito, hombridade e conversa olho no olho. A sinceridade é tudo no futebol”, afirmou.
O treinador, apesar de ser firme ao dizer que a idade não é um problema, entende que a oportunidade atual é rara, já que os clubes não costumam dar espaços para técnicos tão jovens.
“É uma grande responsabilidade não só para mim, mas também para a direção, que me dá todo respaldo e apoio. Tiro o chapéu pelo respeito, convicção e coragem da diretoria em apostar em um treinador jovem como eu. Sei que não é fácil. É uma situação que me deixa muito motivado, ainda mais do que já sou, por entender que confiam bastante em mim, a ponto de entregar o clube da cidade a um cara jovem”, disse.
“Esse voto de confiança me deixou motivado e ciente de que teremos muito trabalho, mas também muito apoio da direção e comissão. É saber que todos anos de estudo, dedicação, tudo isso vai ser colocado em jogo agora. Comandar uma equipe na elite do Gauchão é uma satisfação imensa. Sei que o que vai me sustentar neste nível ou me elevar são os resultados”, concluiu o profissional, que assinou contrato até o fim do estadual.
O desafio vai ser grande. O Avenida é lanterna do Grupo A do Gauchão, com apenas um ponto conquistado em quatro jogos. Até aqui, são três derrotas e um empate. Faltam quatro partidas para tentar livrar a equipe de uma briga contra o rebaixamento.