A desistência de Ronaldo Fenômeno disputar a eleição para a presidência da CBF, anunciada na quarta-feira (12) pelo próprio ex-atacante, passou pela falta de apoio de federações espalhadas pelo Brasil.
O único presidente de federação a receber Ronaldo Fenômeno foi Reinaldo Carneiro Bastos, mandatário do futebol paulista. Cordial, o dirigente concordou com algumas insatisfações do ex-jogador em relação ao futebol brasileiro, admitiu discordâncias com Ednaldo Rodrigues e a CBF atual, mas deixou claro que não assinaria um possível registro de chapa.
Não houve qualquer sinalização de apoio. Reinaldo, inclusive, não esconde dos mais próximos que só toparia entrar numa guerra eleitoral caso fosse ele o “cabeça” de uma chapa, como candidato a presidente.
Em 29 de dezembro de 2023, por exemplo, foi Reinaldo quem encabeçou o movimento “Unidos por um novo futebol”, que ensaiava uma oposição enquanto Ednaldo estava afastado do comando da CBF após uma decisão da Justiça. As federações do Acre, do Amapá, do Mato Grosso, do Paraná, do Pernambuco, de Rondônia e de Tocantins chegaram a prestar apoio público à chapa que nascia.
Tão logo Ednaldo voltou à presidência da CBF, no início de 2024, o grupo foi dissolvido. Mesmo sem prestar apoio público ao atual comando do futebol brasileiro e se posicionar de forma contrária em muitos debates, Reinaldo Carneiro Bastos não mais falou em se candidatar ao próximo pleito.
Sem a sinalização de Reinaldo e preocupado com os outros 26 cartolas que ainda precisaria conversar, Ronaldo enviou um e-mail para todos os presidentes de federações. No texto de título “Solicitação de Audiência – Alinhamento de Projetos do Futebol Brasileiro”, o Fenômeno listava as mudanças que achava necessárias para um futebol brasileiro “mal gerido, com falta de transparência e uma gestão centralizada”, dizendo estar com agenda aberta para encontrar pessoalmente cada um dos 27 dirigentes.
Nenhum encontro pessoal ocorreu a partir do e-mail; 22 dos 26 presidentes restantes responderam. Quatro deles nem sequer fizeram qualquer sinalização a Ronaldo.
Nas respostas, todas por escrito e evitando qualquer contato mais próximo com o Fenômeno, um texto alinhado com Ednaldo Rodrigues sinalizava que aquele dirigente em questão era a favor da continuidade do atual presidente à frente da CBF.
Iniciada sempre por um reconhecimento e “grande respeito e admiração por sua trajetória como atleta e sua contribuição ao esporte nacional e mundial”, a recusa ao convite vinha seguida de uma exaltação ao mandato de Ednaldo.
“Estamos comprometidos com a continuidade da atual gestão da CBF, comandada pelo presidente Ednaldo Rodrigues. Sua administração, de uma forma ampla e democrática, tem realizado importantes investimentos em diversas categorias do futebol brasileiro, desde as categorias de base até os campeonatos nacionais, com especial olhar e atenção a Série D, ao futebol feminino e a projetos sociais e estruturais, que visam o fortalecimento do nosso esporte”, dizia um dos textos obtidos pelo ESPN.com.br.
“Temos um compromisso firmado com o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues. Acreditamos que sua gestão tem sido pautada em projetos sólidos, que têm impulsionado o desenvolvimento do futebol em diversas frentes, trazendo avanços estruturais e institucionais para o esporte brasileiro”, citava outro presidente de federação.
“A Federação de Futebol do Piauí, na pessoa de seu presidente Robert Brown Carcará da Silva, está alinhada ao projeto de continuidade da excelente administração do Presidente Ednaldo Rodrigues”, informou a entidade piauiense.
Outros e-mails obtidos pela reportagem citavam um “alinhamento estratégico e administrativo com a atual gestão da CBF, com quem temos mantido um diálogo aberto e produtivo em prol do desenvolvimento do futebol potiguar e nacional. Este alinhamento tem se mostrado fundamental para a implementação de projetos e ações que visam fortalecer o esporte em nosso estado”.
