O Drex começou a ser desenhado pelo Banco Central ainda sob a gestão do ex-presidente Roberto Campos Neto, mas a possibilidade de se ter um monitoramento pelo governo pode levar a uma nova crise como ocorreu recentemente com o Pix, em que o aumento do limite das transações levou à desconfiança da população.
“Com o Drex, cada movimento seu será rastreado, e bastará um clique para bloquearem sua conta ou sumirem com seus recursos — seja qual for a desculpa. Estamos falando de controle total sobre a sua vida financeira”, diz a deputada no abaixo-assinado (veja aqui).
Zanatta é autora de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende proibir a extinção do Real como papel-moeda, e pede que o Congresso fique responsável por autorizar a adoção do Drex. Ela já conta com 129 assinaturas das 171 necessárias para ser oficialmente protocolada na Câmara dos Deputados.
Para a deputada, a ideia do Drex “é ruim” e que levantou a PEC para levar o debate à população que, segundo ela, “não sabe o que está acontecendo”, segundo disse à Folha de S. Paulo.
O abaixo-assinado ganhou apoio do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que divulgou a iniciativa nas redes sociais afirmando que o Drex seria a “nova moeda digital que Lula quer criar para te dominar”. Segundo ele, o governo poderia restringir o uso do Drex por geolocalização.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também impulsionou a campanha, com um vídeo sobre o tema que ultrapassou 300 milhões de visualizações no Instagram.
Apesar das críticas de agora, Campos Neto já havia defendido a moeda como uma evolução do sistema financeiro, afirmando que ela “vai ser mais inovadora que o Pix” e reduzirá custos na intermediação de ativos financeiros.
Diante da repercussão, o governo divulgou uma nota no fim de janeiro esclarecendo que o Drex não substituirá o dinheiro em espécie e que seu uso será opcional.
“A emissão de papel-moeda se dá por diversas necessidades e hábitos da população. A versão inicial do Real Digital será uma opção adicional ao uso de cédulas, mas – por ter foco no uso online – seu impacto sobre a demanda por papel-moeda não deve ser relevante”, pontuou.
O Drex é uma Moeda Digital de Banco Central (CBDC) e difere das criptomoedas tradicionais, como Bitcoin e Ethereum. Enquanto as criptos operam em redes descentralizadas, sem controle de uma única entidade, o Drex será administrado pelo Banco Central e um grupo restrito de instituições autorizadas.
Diferentemente das criptomoedas convencionais, que garantem maior anonimato, a moeda digital oficial permite rastreamento de transações e pode ser bloqueada ou modificada pelo Banco Central e seus parceiros.