Presidente participa de reunião com integrantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, que almeja conquistar o mercado japonês
Após ser recebido oficialmente pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako no Palácio Imperial, em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira (25/3), de encontro com empresários brasileiros ligados à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). Na pauta, a tentativa de abrir o mercado japonês ao setor. Também participaram os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
“Vamos discutir muitos assuntos aqui e espero que a gente consiga convencer o Japão das coisas que o Brasil tem de bom para negociar. Tenho o interesse de, em todas as viagens que fizer, levar empresários, deputados, gente que possa vender. O presidente, o que ele faz é abrir a porta. Mas quem sabe fazer negócio são vocês, não o presidente nem o deputado”, frisou Lula, dirigindo-se aos representantes da ABIEC.
O presidente lembrou que, em 2011, o fluxo comercial entre Brasil e Japão chegou a 17 bilhões de dólares. Hoje, está na casa dos 11 bilhões. “Significa que, de pronto, a gente tem seis bilhões para recuperar nessa visita”, afirmou Lula. “Obviamente que comércio exterior é via de duas mãos. A gente tem que vender e a gente tem que comprar”.
ETANOL – Lula adiantou que a missão também busca ampliar negócios com o Japão em setores estratégicos, como o aeronáutico e o ligado à transição energética. “Nós estamos percebendo o crescimento da transição energética com o hidrogênio verde, com energia limpa, e o Brasil está dando um salto de qualidade na questão do etanol. A gente está pensando em elevar para 30% a mistura, tanto da gasolina quanto do biodiesel, e vamos conversar com o primeiro-ministro (do Japão, Shigeru Ishiba) . Se o Japão usar 10% de etanol na gasolina, é um salto extraordinário, não apenas para que a gente exporte, mas para que eles possam produzir no Brasil”, ressaltou o presidente Lula, lembrando que nesta quarta haverá um encontro com centenas de empresários dos dois países.
“Não é só que a gente quer vender. Se tiver empresários japoneses que queiram fazer investimento no Brasil, em todas as regiões, eles podem fazer com que a gente mude efetivamente a matriz energética. Acho que o Brasil pode contribuir decisivamente para que o mundo diminua o uso de combustível fóssil e comece a introduzir um comércio mais limpo, para que a gente possa conquistar a credibilidade de ser o país que mais tem uma produção de baixo carbono”, prosseguiu.
AMPLIAÇÃO – Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o objetivo da reunião com a ABIEC é avançar na abertura do mercado junto ao Japão, principalmente de carne bovina brasileira. “Nossas indústrias estão aptas a atender às exigências sanitárias e comerciais feitas pelo Japão. O ajuste nos protocolos sanitários de aves e o reconhecimento do Brasil livre de febre aftosa sem vacinação para mais alguns estados amplia também o mercado de carnes suínas, muito importante, porque o Brasil é competitivo”, ressaltou Fávaro. Ele lembrou que o processo de negociação para exportar a carne bovina brasileira para o Japão vem sendo conduzido há mais de 20 anos. “O último protocolo já está há cinco anos sendo debatido. A gente vai trabalhar para que caminhe agora para a finalização e abertura deste mercado importante. Isso vai garantir mais competitividade aos nossos empresários e fazer com que a carne brasileira ganhe espaço no mundo e seja mais competitiva no mercado interno”, prosseguiu o ministro.
Nossas indústrias estão aptas a atender às exigências sanitárias e comerciais feitas pelo Japão. O último protocolo já está há cinco anos sendo debatido. A gente vai trabalhar para que caminhe agora para a finalização e abertura deste mercado importante
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária
SEGURANÇA ALIMENTAR – Fávaro lembrou que nos últimos dois anos o Brasil abriu 344 novos mercados em todo o mundo para produtos do agro brasileiro e que o trabalho segue ativo. “É um recorde absoluto de todos os tempos, mostrando que o Brasil atingiu um patamar de segurança alimentar para o mundo. Em qualquer crise alimentar e sanitária, o Brasil consegue ser suprimento para todos os países”.
SEM GRIPE AVIÁRIA – Outro diferencial brasileiro destacado por Carlos Fávaro é o trabalho para impedir a chegada da gripe aviária. “A gripe aviária tomou conta de todos os continentes e o Brasil é um dos pouquíssimos países que não tem gripe aviária nos plantéis comerciais, garantindo o suplemento de quase 40% da carne de frango consumida no mundo, com qualidade, segurança e preços competitivos”.
LOGÍSTICA – Para o ministro dos Transportes, Renan Filho, um dos pontos fortes para a expansão da capacidade de exportação do Brasil passa pelo fortalecimento da estrutura logística. “Nós, ministros da área de infraestrutura, estamos aqui para dizer que toda essa transformação do setor produtivo precisa ter condições logísticas para exportar. E a grande pergunta é: o Brasil tem ou não? Claro que tem! A gente exporta muito mais barato do que outros países. Enquanto o Brasil tem um custo para produzir uma arroba de carne e exportar a 55 dólares, os Estados Unidos têm custo superior a 100 dólares”, pontuou Renan Filho. “Se é importante quem exporta energia, quem exporta minério, imagina quem tem capacidade de exportar o que as pessoas comem. E essa é a potência do Brasil para além de todas as outras, uma potência ambiental, uma democracia sólida, reconhecida internacionalmente”, concluiu o ministro.
ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO – Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho citou exemplos que indicam o fortalecimento da infraestrutura nacional com impacto na capacidade exportadora. “O Brasil, na década de 80 e 90, tinha praticamente 50% do escoamento da produção pelo Porto de Santos. Hoje, estamos em torno de 30% e queremos diminuir cada vez mais para que a gente possa ampliar a logística nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, para que a gente possa fazer um grande plano nacional de escoamento da produção do país”.
CRESCIMENTO PORTUÁRIO – O ministro também citou avanços no setor portuário. “No ano de 2024, tivemos um crescimento de 5%. O setor de contêineres registrou o maior volume de movimentação da história, com crescimento de quase 18%. Estamos ampliando investimentos para que a gente possa fazer o melhor escoamento da produção, que vai desde uma ferrovia, de uma estrada, de uma hidrovia ao porto, para que a gente possa dar condições estruturais a esses novos mercados”, destacou.
CONFIANÇA – Falando em nome dos produtores, o empresário Renato Costa mostrou-se confiante no resultado do trabalho realizado pelo Governo Federal nesta viagem. “(O Japão) é um mercado importante, o terceiro maior importador. Vejo que é bom para a indústria, para o produtor, para o país. Estamos sim bastante confiantes”, concluiu.