O presidente da Argentina, Javier Milei, disse nesta quarta-feira (22) que se “a condição extrema” para chegar a um acordo de livre comércio com os Estados Unidos fosse sair do Mercosul, ele o fará, mas acredita que dentro do bloco comercial regional existem mecanismos que permitiriam alcançar este objetivo sem que fosse preciso sair dele.
“Se a condição extrema fosse essa, sim”, respondeu Milei em entrevista à Bloomberg em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial.
“No entanto, existem mecanismos pelos quais ele [o acordo de livre comércio com os EUA] pode ser alcançado estando dentro do Mercosul, por isso acreditamos que pode ser feito sem ter que abandonar o que temos no Mercosul”, declarou.
Milei lembrou que, durante o recente período da Argentina na presidência rotativa do Mercosul, ele disse que eram necessários esforços para “avançar de forma independente” nos acordos de livre comércio.
“Porque a Argentina decidiu se reintegrar ao mundo e, para isso, é necessário avançar nos acordos de livre comércio, abrir a economia e o Mercosul não pode ser um obstáculo”, ressaltou.
Sobre o recém-iniciado segundo mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em cuja posse esteve presente em Washington, Milei afirmou que “o mundo deve comemorar, porque a idade de ouro dos EUA iluminará o mundo inteiro, e será o fim da ideologia woke”.
Em resposta a uma pergunta sobre a disposição de Trump de aumentar as tarifas de seus parceiros comerciais, o presidente argentino argumentou que dar uma opinião sobre a política comercial de outro país seria “irresponsável” e “desrespeitoso”.
Milei também destacou, sobre o relacionamento com a China, que as economias do país asiático e da Argentina “são complementares” e “há muito a fazer juntos”.
Ao falar sobre sua gestão da economia argentina, Milei afirmou que havia feito “o maior ajuste fiscal da história durante uma recessão”, com a redução da “inflação de 54% para 0,8%”, mas, se for convertida em dólares, houve uma “deflação, e ao mesmo tempo a economia se expandiu”.
Ele elogiou o trabalho do ministro da Desregulamentação, Federico Sturzenegger, que “está removendo regulamentações a um ritmo de quatro por dia”
“Em outras palavras, estamos a caminho de nos tornarmos, sem dúvida, em algum momento, o país mais livre do mundo”, disse.