SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Não importa o que faça, a mulher sempre será julgada. É essa a conclusão da cantora Gaby Amarantos, 46, que após publicar imagens em que expõe uma grande perda de peso, continua a receber críticas pelas redes sociais. “Eu emagreci 35 quilos e mesmo assim as críticas continuam da mesma forma”, diz.
Mas nem tudo é ruim. A artista, que acaba de lançar o clipe da música “Mulher da Amazônia”, conta que também tem recebido cantadas, sobretudo após publicar fotos mais sensuais. “Nesse clipe, eu já estou com outro corpo. Lendo os comentários vejo alguns falarem: ‘Nossa, como a Gaby rejuvenesceu, agora ficou uma garotinha’.”
A perda de peso não se deu apenas por uma questão estética, mas por algumas descobertas desagradáveis em exames médicos que apontavam indícios de problemas à saúde. Desde então, ela tem aderido a uma dieta rigorosa e exercícios físicos.
O término do casamento de quase dois anos com o inglês Gareth Jones, no fim de 2024, também acabou por ajudar na busca pela elevação da autoestima. “O rompimento me deu mais tempo para cuidar de mim. Relacionamento demanda atenção e quando você tem tempo só para você, ajuda muito.”
Confira abaixo os melhores trechos da entrevista.
PERGUNTA – De um tempo para cá, você começou a posar de forma mais sensual nas redes. Por quais motivos?
GABY AMARANTOS – Eu sempre postei fotos de várias formas nas minhas redes. A gente está vivendo uma era onde a questão do corpo é muito falada, o Carnaval atiça essa discussão. Uma coisa que eu tenho percebido: eu emagreci 35 quilos, mas com 35 quilos a mais ou a menos, as críticas continuam da mesma forma. Hoje eu ajudo tantas pessoas nesse processo de aceitação e entender que a pressão estética assola todas nós. Então é algo que eu uso como um combustível.
P – Os “haters” de internet não te incomodam?
GA – Eu sou artista e já lido com isso, a diferença é que agora esse ódio tem nome. Estou há um tempo nesse game para ter ferramentas. Faço terapia, que tem sido uma salvação na minha vida, mas muito antes já existia a minha mãe me ensinando um mantra que até hoje eu falo para os meus filhos: “Faça aquilo que você tem que fazer e não ligue para o que as pessoas vão pensar”. Na escola, eu me destacava e lidava de certa forma com a exposição, então hoje poder colocar uma foto minha de biquíni, uma roupa, um figurino e principalmente realizar sonhos, como no último Baile da Vogue, quando fui com um figurino que era um bolo de aniversário, nem todo mundo tem coragem de bancar esse fashionismo.
P – Criticaram você naquele momento?
GA – Se fosse a Lady Gaga todo mundo iria achar maravilhoso, mas como é uma artista brasileira, as pessoas criticam. É essa síndrome de vira-lata que existe. Por outro lado, recebo muito carinho, muito suporte, apoio e engajamento bom. O “hater” incomoda, sim, mas eu prefiro quem está ali de verdade, me apoiando.
P – Essa busca pelo emagrecimento teve a ver com o rompimento do seu casamento?
GA – Eu estou com a autoestima lá em cima e, sim, o rompimento me deu mais tempo para cuidar de mim. A ruptura partiu de mim, o desejo de seguir a minha vida para poder ter mais tempo para cuidar de mim. O meu ex é meu amigo, a gente tem uma relação muito boa, eu torço muito por ele e tenho certeza que ele está muito feliz em ver essa minha nova fase. Mas, por conta de eu estar solteira e ter o tempo todo disponível para cuidar de mim, isso me deu mais disponibilidade para me dar atenção.
P – Durante a relação você não conseguia se cuidar?
GA – Um relacionamento demanda atenção e, quando você esta com um tempo só para você, isso ajuda muito e estou aproveitando o meu tempo. Essa transformação, deixando bem claro, não é só do corpo, mas também de transformação interior, estou cuidando muito da minha mente, fazendo terapia e comendo bem, sabe? Faço retiro espiritual para me investigar e para poder ser um ser humano melhor. É isso que reflete no corpo.
P – A saúde estava em dia?
GA – Há um ano e meio, recebi um diagnóstico que me assustou bastante. Eu tenho um histórico de diabete na minha família e isso foi um “start”. Já perdi há poucos meses uma tia para essa doença. Tenho um irmão que faz hemodiálise três vezes na semana, então essa doença ronda a minha família e eu recebi um diagnóstico de que estava pré-diabética, hipertensa e meus exames desregulados. Sou a provedora da minha família e preciso parar e me cuidar.
P – E o que tem feito agora para a saúde?
GA – Eu tenho uma equipe de médicos e profissionais que cuidam de mim, como um personal, minha nutricionista, o meu médico estético que faz vários tratamentos com enzimas e me passa suplementos e nutrientes para eu conseguir treinar. Minha ginecologista que equilibra minha reposição hormonal para eu poder estar forte. Tem ainda minha dermatologista que me ajuda depois que emagreci muito, pois graças a Deus, minha pele é afro-indígena, minha negritude me ajuda a ter uma pele rígida. Tenho uma pessoa que prepara as minhas comidas mais saudáveis. E faço pilates, fisioterapia, caminhada, ioga, dança.
P – Agora solteira, tem aproveitado para conhecer gente nova?
GA – Estou canalizando a libido para a música, para a arte, e tenho recebido cada convite incrível para projetos como atriz e cantora. Acabei de lançar um projeto com a cantora Tainara, o clipe de “Mulher da Amazônia”, em que eu já estou com outro corpo. Fico lendo os comentários das pessoas que falam: “Nossa, como a Gaby rejuvenesceu, está um mulherão, agora ficou uma garotinha”. Até brinquei que farei uma música com o nome “Garotinha” por conta desse novo “shape”. As pessoas estavam acostumadas a ver aquela Gaby, mas essa outra Gaby também estava aqui dentro doida para sair e ter a oportunidade de brilhar. Mas continuo sendo a mesma mulher.
P – O clipe já atingiu a marca de 500 mil visualizações…
GA – É uma composição para homenagear a beleza dessa mulher da Amazônia que mergulha no rio, que deixa o cabelo secar no vento, que bota uma cuia no seio, uma saia que gira no ar para dançar seu carimbó. Tenho uma missão de levar cada vez mais essa música, essa cultura não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro. Ele foi gravado na Ilha do Mosqueiro e todo mundo tem que ouvir porque a mulher da Amazônia, a mulher da floresta, está dentro de cada uma de nós!
P – Quais seus próximos projetos?
GA – Continuar levando a cultura da minha região, sendo essa artista que percebe a sua importância. Que a gente entenda que além do sertanejo, pagode, o trap, tem que ter o tecno brega, tem que ter o carimbó, a música no Norte. Internacionalizar e levar essa cultura para o universo.
P – Você participará da COP30. O que projeta?
GA – Eu sou a embaixadora do festival Amazônia para Sempre e vou cantar nesse evento onde a gente vai receber Mariah Carey. Estou muito feliz, pois sempre falei nas minhas músicas sobre o Norte e sua cultura e agora estamos colhendo esses frutos.
P – O que o Dia da Mulher representa para você?
GA – Um dia para a gente refletir, comemorar os avanços, mas também ficar atenta. Enquanto mulher da Amazônia, as minhas questões são totalmente diferentes das da mulher do Sudeste. Entender essa mulher que é ribeirinha, indígena, que mora na floresta. Compreender que ela é poderosa, inteligente, tecnológica e futurista. Ela tem muito a ensinar. Então, eu vejo que minha missão de vida é continuar a falar das belezas e da potência dessa mulher da Amazônia para a mundo inteiro.
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