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Mergulhe nos marcantes sabores da culinária maranhense

Nosso Brasil é tão rico de sabor que é praticamente inviável definir com exatidão o que é a gastronomia brasileira. Ainda mais quando falamos do Nordeste, com tantos estados e culturas que resultam em combinações para lá de apetitosas, que se beneficiam com o que o sol, o sal do mar e o calor da terra nos dão de melhor.

Depois de percorrer diferentes pontos do Norte para digerir seus ingredientes e conhecimentos, a temporada especial CNN Viagem & Gastronomia: Sabores do Brasil desembarca no delicioso Nordeste para provar algumas de suas iguarias.

Diante de tantas maravilhas, sejam naturais ou históricas, nosso pequeno recorte começa no Maranhão, estado plural e caloroso que me ganhou desde o primeiro momento que pisei em Santo Amaro do Maranhão, município que é uma das portas de entrada para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

Foi neste cenário, entre dunas, lagoas, mangues e pores do sol arrebatadores, que conheci pequenos produtores e tive refeições regadas a carnes substanciosas, frutos do mar, farinha de mandioca e juçara, frutinho similar ao açaí.

Uma vez aqui, o arroz de cuxá e as caldeiradas de camarão, de sururu e de caranguejo também se tornam nomes comuns. Assim, te faço um convite: vamos degustar os sabores do Brasil comigo?

Lençóis Maranhenses e a Casa Oiá

Uma das melhores maneiras de mergulhar no mundo culinário do Maranhão é por meio de uma viagem aos Lençóis Maranhenses e arredores, a cerca de 250 km da capital São Luís.

Com 155 mil hectares, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é o maior campo de dunas da América do Sul e foi reconhecido em julho do ano passado como um Patrimônio Mundial da Unesco, atestando seu caráter único cheio de beleza. É um enorme mosaico esculpido pelos ventos e pelo ciclo das águas, com grandes morros de areia e lagoas de água doce que são ora azuis, ora esverdeadas.

Aqui predomina o Cerrado, mas o cenário tem ainda uma forte influência da Caatinga e da Amazônia. O parque abrange três municípios: Barreirinhas, Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão, este último onde descansa a OIÁ Casa Lençóis, coladinha às dunas e às lagoas.

O local se define como uma hospedaria, nos transmitindo um caráter de refúgio e de intimidade por meio das seis suítes, espalhadas entre a casa principal e os dois bangalôs – um terceiro chega ainda neste ano. A arquitetura rústica incorpora madeira, palha e paredes brancas, elevando o nível de aconchego.

A construção principal também abriga a área de convivência, com uma grande sala, ampla varanda e vários cantinhos, que conferem privacidade aos hóspedes, onde são servidas patinhas de caranguejo e caipirinhas.

A decoração utiliza mobiliários e peças de arte e design brasileiros a partir de uma pesquisa focada na região. De beleza simples, ao mesmo tempo contemporânea, a casa traduz bem a alma brasileira. O bom serviço, os passeios e o ventinho fresco em frente à vegetação nativa fazem toda a diferença. Despreocupação aqui é palavra de ordem.

Sabores maranhenses

Além do leque de experiências para desbravar os Lençóis, a OIÁ possui um programa gastronômico que nos entrega um gostinho das maravilhas da culinária maranhense, tudo pincelado com temperos culturais.

É um deleite acordar para o café da manhã e desfrutar a refeição aos pés de uma árvore frondosa. À mesa aparecem itens como cajuzinho doce e juçara no copinho.

É comum, inclusive, confundir a juçara com o açaí, já que são frutos de árvores diferentes, apesar de pertencerem à mesma família. Menor que o açaí, a juçara tem cor roxa mais clara e menos polpa, com sabor suave e adocicado.

Mais tarde, aos pés de outra árvore, desta vez decorada com fitas amarradas nos galhos em homenagem ao boi-bumbá, degustei um almoço riquíssimo em sabor e tradição.

Bem característico da região, o suculento carneiro ao leite de coco foi o prato principal, acompanhado de arroz de lentilha e farinha de mandioca. A farinha é um traço comum na mesa nordestina, mas o interessante é que ela pode mudar de acordo com o estado. Também é fonte de renda e identidade cultural no Norte, como nas comunidades ribeirinhas ao longo do Rio Negro.

A farinha de mandioca muda muito de região para região. Aqui, temos uma farinha puba, bem grossa, que faz parte da dieta do maranhense desde o café da manhã até o jantar.


Jéssica Ambrósio, chef da OIÁ Casa Lençóis

Para brindar o dia, nada mais incrível do que jantar nas dunas ao som de músicos locais. Além de toda a emoção, consagrada pela paisagem, os sabores se destacam no paladar. Para começar, o pão caseiro com alecrim chuchado no azeite parece simples, mas é delicioso.

De prato principal, o camarão tigre acompanhado de uma bela salada asiática me surpreendeu e, ao mesmo tempo, me fez refletir no quanto adicionamos diferentes culturas e vivências em um único prato. O camarão carnudo, combinado com um vinho branco, foi o brinde perfeito para finalizar o dia – e despertar novas experiências à mesa.

De prato principal, o camarão tigre acompanhado de uma bela salada asiática me surpreendeu e, ao mesmo tempo, me fez refletir sobre como diferentes culturas e vivências podem se encontrar em um único prato. O camarão carnudo, combinado com um vinho branco, foi o brinde perfeito para finalizar o dia – e despertar novas experiências à mesa.”

As catadoras de sarnambi

Saber a procedência do que comemos é fundamental para mudarmos a relação com o alimento. E em Santo Amaro há uma experiência que une as duas coisas: gastronomia e turismo de base comunitária.

O município abraça a Travosa, comunidade de marisqueiras que sobrevivem da coleta do sarnambi, pequeno molusco abundante nos mangues da região que é o ganha-pão das famílias lideradas pelas catadoras.

A ideia é sair à caça dos moluscos no meio do mangue para prepará-los para o almoço. Junto com as catadoras, coloquei a mão na terra, mexi na lama, encontrei os moluscos e presenciei a força dessas mulheres. É transformador. A refeição ganha outro tempero quando cavamos a terra e colhemos aquilo que será o prato principal.

À mesa, o sarnambi pode incorporar diferentes receitas, como o sarnambi ensopado, feito com leite de coco e acompanhado de uma salada tradicional (confira passo a passo aqui), ou ainda a moqueca de sarnambi com azeite de dendê.

Além dele, o almoço na Toca da Guaaja, restaurante na comunidade que serve pratos com ingredientes frescos, conta com uma porção de patinhas de caranguejo e peixe na brasa, indispensáveis na cozinha maranhense. O melhor? Tudo regado a doses de tiquira, aguardente de mandioca que é a cara do Maranhão.

“Montei a destilaria aqui no Maranhão para preservar a cultura e a tradição da tiquira. Ela foi há pouco tempo intitulada patrimônio do estado”, diz Margot Stinglwagner, uma das embaixadoras da bebida e nome por trás da Toca do Guaaja.

Mais delicada que a cachaça, sem o teor adocicado, a tiquira cai bem com a suavidade do sarnambi e revela técnicas e tradições ancestrais com a mandioca, raiz que sintetiza bem o Brasil por conta de sua versatilidade e legado.

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Gastronomia – Receitas e Dicas Culinárias | CNN Brasil Soft

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