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Marina critica Trump por tirar EUA do Acordo de Paris: “tempos desafiadores”

Foi a segunda vez que Trump fez este ato, uma repetição do primeiro mandato dele em 2016 que foi revogado pelo governo seguinte de Joe Biden. Para a ministra brasileira, a saída é preocupante em tempos de forte reflexo das mudanças climáticas inclusive no próprio país.

“Serão tempos desafiadores para o mundo inteiro. Resta enfrentá-los com informação, compromisso com a vida e capacidade de negociação política”, disse Marina em nota.

Marina Silva diz que o ato confirmou “os prognósticos mais pessimistas sobre os tempos desafiadores que virão” e que os primeiros anúncios de Trump “vão na contramão” da defesa da transição energética, do combate às mudanças climáticas e da valorização de fontes renováveis na produção de energia.

“São o avesso da política guiada pelas evidências trazidas pela ciência e do bom senso imposto pela realidade dos eventos climáticos extremos que ocorrem, inclusive, em seu próprio país”, emendou.

A ministra pontuou que os anúncios feitos por Trump além da saída do acordo, como o de retomar a indústria automotiva norte-americana sem dar prioridade para carros elétricos e valorizar o uso de combustíveis fósseis, são também contrários ao que os próprios parlamentares do partido Republicano votaram com Biden, de fomentar a geração renovável de energia, infraestrutura e industrialização verde.

“Sobre o Acordo de Paris, é fundamental lembrar que os EUA são o segundo maior emissor global de gases de efeito estufa e, portanto, têm grandes e inadiáveis responsabilidade a cumprir. Nem a própria população dos EUA aceitará qualquer omissão, pois enfrenta no cotidiano os efeitos da emergência climática”, disparou Marina Silva.

Por fim, a ministra brasileira defendeu que haja uma “governança climática” mais madura e robusta que “crie anteparos para evitar avanços da força gravitacional negacionista”. Ela ainda disse esperar que, pelo modelo de regime adotado nos Estados Unidos, os estados adotem suas próprias medidas de compromissos climáticos.

A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris é vista com preocupação pelo Brasil, que vai sediar a COP 30 em Belém no final deste ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende, desde o início deste terceiro mandato, que as nações mais desenvolvidas financiem a proteção ambiental nos países em desenvolvimento e reduzam suas emissões de gases do efeito estufa.

Por outro lado, o governador paraense Helder Barbalho (MDB-PA) afirmou nesta terça (21) que o ato de Trump pode trazer benefícios financeiros ao Brasil, com a entrada de fortes investimentos de empresas estrangeiras em busca de políticas de combate às mudanças climáticas.

“Todas as economias [do mundo] estão percebendo que os eventos climáticos trazem um prejuízo econômico absolutamente importante. Portanto, ter a aderência aos compromissos de redução de emissões, garantir políticas de sustentabilidade, buscar modelos de transição energética e, no âmbito do Brasil, colocar o valor da floresta como oportunidade de desenvolvimento para a Amazônia é o que devemos trilhar até a COP 30”, pontuou durante participação no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

Veja abaixo a nota completa de Marina Silva sobre o anúncio de Trump:

Em seu discurso de posse, o presidente Donald Trump começou a confirmar os prognósticos mais pessimistas sobre os tempos desafiadores que virão. Seus primeiros anúncios vão na contramão da defesa da transição energética, do combate às mudanças climáticas e da valorização de fontes renováveis na produção de energia.

São o avesso da política guiada pelas evidências trazidas pela ciência e do bom senso imposto pela realidade dos eventos climáticos extremos que ocorrem, inclusive, em seu próprio país.

 Embora fosse algo já esperado, pelo que defendeu na campanha presidencial, vejo com enorme preocupação o anúncio de que o presidente pretende acabar com o Green New Deal, tirar os EUA do Acordo de Paris, retomar a indústria automotiva norte-americana sem dar prioridade para carros elétricos e valorizar o uso de combustíveis fósseis.

 Importante recordar que os planos do governo Biden para energia renovável, infraestrutura e industrialização verde contaram com o apoio dos republicanos no Congresso. Além de reestruturar a matriz energética e reduzir o custo da energia, foram concebidos para criar empregos e aumentar a segurança energética do país.

 Sobre o Acordo de Paris, é fundamental lembrar que os EUA são o segundo maior emissor global de gases de efeito estufa e, portanto, têm grandes e inadiáveis responsabilidade a cumprir.

Nem a própria população dos EUA aceitará qualquer omissão, pois enfrenta no cotidiano os efeitos da emergência climática.

 Resta trabalhar para que a governança climática, hoje mais madura e robusta do que no primeiro governo Trump, crie anteparos para evitar avanços da força gravitacional negacionista, que já inflaciona decisões políticas e empresariais na direção oposta de compromissos firmados anteriormente. No mesmo sentido, terá relevância o modelo federativo dos EUA, que dá liberdade para que os estados adotem suas próprias medidas e assumam compromissos climáticos.

 Serão tempos desafiadores para o mundo inteiro. Resta enfrentá-los com informação, compromisso com a vida e capacidade de negociação política.

República

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