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Magda diz que Petrobras investe para gerar valor e nega que governo decida pela estatal

NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma semana após o tombo das ações da Petrobras, motivado pelo susto do mercado com o aumento dos investimentos em 2024, a presidente da estatal, Magda Chambriard, defendeu à Folha que a decisão vai gerar valor real à companhia e que não houve ingerência do governo federal.

Na sexta-feira (28), um dia após a divulgação do balanço de 2024, as ações da Petrobras chegaram a cair 9% na B3, com o mercado tentando entender a alta de 31% nos investimentos da empresa durante o ano e seus efeitos sobre os dividendos da companhia.

“Nossos investimentos são prioridade porque geram valor real, com retornos acima do custo de capital”, afirmou Magda, dizendo que a antecipação de pagamentos foi uma decisão estratégica para corrigir um descasamento entre a execução física e o fluxo financeiro de obras de plataformas.

A presidente da Petrobras disse que, se pudesse, a estatal anteciparia investimentos em mais plataformas, mas não tem expectativa de repetir, em 2025, o volume de investimentos acima do previsto por seu planejamento estratégico.

“Esse ajuste já foi concluído”, afirmou, frisando que, uma vez que a oportunidade foi endereçada, a empresa não tem interesse em manter caixa ocioso e seguirá cumprindo sua política de remuneração aos acionistas por meio de dividendos.

Ao divulgar o balanço, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 9,1 bilhões aos acionistas, cerca de metade do previsto, o que motivou a correção no valor das ações da estatal.

O aumento dos investimentos foi conhecido pelo mercado logo após a empresa patrocinar dois eventos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defensor de um protagonismo da estatal no desenvolvimento econômico do país.

Nas duas ocasiões, Magda falou em acelerar investimentos para gerar encomendas para a indústria nacional, uma das promessas de campanha de Lula. À Folha, a presidente da Petrobras defendeu que não há interferências do governo na gestão.

“Desde que assumi a Petrobras, em maio de 2024, eu e a diretoria temos tido total liberdade para gerir a empresa e tomar as decisões da forma que entendemos serem mais eficazes para a saúde financeira e o desenvolvimento da companhia”, afirmou.

Ela alega que há interesses comuns entre a estratégia empresarial da companhia e políticas públicas do governo, citando como exemplo os incentivos à indústria naval, fomentada por Lula em seus primeiros mandatos e em crise desde a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

“É uma iniciativa ganha-ganha: o governo vê prosperar seu desejo de reativar a indústria naval e offshore nacional, e a Petrobras tem como benefício o acesso a um mercado fornecedor próximo às suas operações, o que nos traz benefícios de custo, logística e para acompanhamento das obras”, disse.

Magda afirmou que “o governo não toma decisões pela companhia”, mas que, sempre que possível, a intenção é trabalhar na intersecção entre políticas públicas e melhor estratégia comercial e econômica para a Petrobras.

“O Estado brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, assim como nós desejamos. Aí está nosso interesse comum”, afirmou.

Uma das promessas de Lula adotadas pela Petrobras foi a mudança na política de preços, que deixou de estar colada à cotação internacional e passou a considerar fatores internos, como custo de produção e custo de produtos concorrentes.

Desde então, o número de reajustes desabou, garantindo preços mais estáveis no mercado interno, mas sob algumas críticas a respeito da perda de rentabilidade no negócio de refino. Magda considera que a política é bem-sucedida.

“Nós conseguimos abrasileirar os preços dos combustíveis. Tínhamos o objetivo de não repassar para os consumidores a volatilidade dos preços internacionais do petróleo nem a flutuação do câmbio e praticar, ao mesmo tempo, preços competitivos. Acredito que alcançamos esse objetivo”, afirmou.
Em 2024, a empresa não promoveu nenhum reajuste no diesel. O preço da gasolina em suas refinarias foi alterado apenas uma vez. No início de 2025, pressionada pela escalada do dólar, a estatal “entendeu que era necessário” aumentar o preço do diesel.

“Nós refinamos grande parte do combustível que vendemos e temos uma extensa estrutura de transporte de derivados, espalhada por todo o país, em diferentes modais. Essas são vantagens da Petrobras em relação aos concorrentes que suportam a manutenção da nossa posição no mercado e não podem ser ignoradas na formação de preço”, disse a presidente da estatal.
Nos últimos meses, grandes petroleiras globais recuaram em planos de investimentos em energias renováveis, reforçando o foco nas melhores rentabilidades garantidas pelo petróleo. Magda diz que, na Petrobras, “não há passo atrás”.

“Nossa estratégia prevê a diversificação de fontes de energia. Estamos estudando etanol, metanol, hidrogênio verde e azul, derivados de petróleo com percentual renovável, e geração de energia renovável onshore, como eólica e solar. É isso que vai garantir nosso futuro”, afirmou.

Ainda assim, defende ela, o petróleo tem longa sobrevida na economia global. “Estamos caminhando para um futuro de diversidade energética e esse movimento é irrefreável. Mas ele não será possível sem a presença ainda relevante do petróleo na matriz energética mundial.”

A presidente da Petrobras argumenta que, mesmo no cenário de transição mais acelerada, a Agência Internacional de Energia prevê uma demanda mundial de cerca de 20 milhões de barris de petróleo por dia em 2050 e que o petróleo de baixo custo e baixas emissões do Brasil terá espaço.

A empresa vive hoje um embate com o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) sobre a perfuração de um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, principal aposta do setor para repor o esgotamento das reservas do pré-sal a partir da próxima década.

Magda diz ainda acreditar na licença este ano. “Estamos em diálogo permanente com o Ibama e cumprindo todas as exigências estabelecidas, como sempre fizemos”, afirmou. Em março, a empresa entrega um centro de tratamento de animais em Oiapoque (AP), que entende ser a última exigência.
“O que estamos prevendo para as águas profundas do Amapá é a maior estrutura de resposta a emergência do mundo. Em 45 anos atuando nessa indústria, eu nunca vi algo tão grande para salvaguarda das operações.”

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