O PSD é um dos alvos de Lula na possível reforma ministerial prevista para começar a ser desenhada na próxima semana, em que pode ganhar mais espaço na Esplanada além dos três ministérios que ocupa atualmente. O objetivo é se manter na base para as eleições do ano que vem, já que conquistou a maior quantidade de prefeituras no ano passado – 887 no total.
“Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Porque como ele disse: se a eleição fosse hoje, eu perderia, eu olhei no calendário e percebi que a eleição vai ser só daqui a dois anos, eu fiquei muito despreocupado, porque hoje não tem eleição”, disse Lula pontuando que não se deve antecipar a disputa de 2026, e que quer trabalhar por 2025 para entregar as promessas de governo que começaram a ser executadas nos últimos dois anos.
Já com relação à crítica de Kassab a Haddad, Lula classificou como injusta e que o ministro tem conseguido grandes feitos para o governo, como ter articulado a “PEC fura-teto” antes mesmo de tomar posse, no final de 2022, aprovado o arcabouço fiscal e a reforma tributária, entre outros.
“Eu acho que o Kassab foi injusto com o significado com companheiro Haddad no Ministério da Fazenda. É importante a gente lembrar: eu posso não gostar pessoalmente de uma pessoa, eu posso ter crítica pessoal àquela pessoa, mas não reconhecer que o companheiro Haddad começou o nosso governo coordenando a PEC da Transição? Porque a gente não tinha dinheiro para governar o país em 2023 e nós conseguimos”, disparou.
Kassab afirmou que Haddad “não consegue se impor no governo” e que “um ministro da Economia fraco é sempre um péssimo indicativo”, comparando-o a ex-ministros da Fazenda como Fernando Henrique Cardoso, Henrique Meirelles e Paulo Guedes que “comandavam”. “Hoje existe uma dificuldade do ministro Haddad de comandar”, emendou.
Já em relação ao PT, Kassab disse que “não estaria na condição de favorito, mas na condição de derrotado. Não vejo uma articulação para reverter essa tendência de piora no cenário. Não vejo nenhuma marca boa, como teve FHC e o Lula nos primeiros mandatos”.
Nem reforma ministerial e nem Gleisi
Lula ainda desconversou sobre a possível reforma ministerial que pode começar a tocar a partir da semana que vem para dar mais espaço na Esplanada aos partidos do “centrão”, e disse que só tirará ministros que não entregarem aquilo que ele espera. Ele afirmou que, na última reunião ministerial, ouviu tudo o que gostaria e que seus atuais auxiliares seguem trabalhando.
Ainda negou que deve nomear a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), como ministra do governo — fala-se na possibilidade de assumir a Secretaria-Geral da Presidência –, mas que ela é um “quadro muito refinado” e que “tem competência pra ser ministra em qualquer país do mundo”.
Lula ainda evitou comentar a possibilidade de acomodar no governo os presidentes das duas casas do Congresso que estão de saída a partir deste final de semana, como Arthur Lira (PP-AL), da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Senado.
Ele apenas pontuou, já no encerramento, que quer que “Pacheco seja governador de Minas Gerais” — confirmando apurações de bastidores de que ele poderia apoiá-lo na eleição do próximo ano.
Relação com o Congresso
Ainda sobre o Congresso, Lula explicou como vê a relação do governo com os futuros novos presidentes das duas casas, que terá eleição neste sábado (1º) com a provável vitória de Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara e Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado. Em ambos, o PT compõe uma grande aliança que passa por partidos do centrão e da oposição, principalmente o PL.
O presidente afirmou que não se mete nas eleições legislativas e que “é uma questão politica dos partidos e dos deputados e senadores”. “Os meus presidentes são os que ganharem, vou respeitar e estabelecer uma nova relação”, pontuou.
Lula evitou demonstrar apoio público a qualquer um deles, e ressaltou que tem disposição para conversas e negociações através do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e dos líderes do governo nas duas casas do Congresso.
O presidente ainda pontuou que o governo está sempre aberto a negociar os projetos de lei que envia ao Legislativo, que não são propostas sem qualquer possibilidade de mudanças, e que altera o que for preciso se os pedidos se mostrarem pertinentes.
Ainda ressaltou que tem o poder de vetar (principalmente “jabutis”, que são itens muitas vezes anexados aos projetos alheios ao objetivo principal), que os parlamentares podem derrubar os vetos e que ele ainda pode recorrer ao STF para reverter estas decisões.
Crise das emendas
Lula ainda falou da crise das emendas parlamentares, de que o governo não tem responsabilidade sobre elas e que são um instrumento conquistado pelos deputados e senadores criados pelo governo anterior “irresponsável que não governava o país”.
“Estamos com decisões do ministro Flávio Dino [do STF] e vamos negociar pra ver se colocamos um acordo definitivo. Se tiver que dar emenda, vamos dar subordinadas a projetos do governo, até que se crie condições para que sejam de uma forma diferente”, completou.