Um dia depois do governo sinalizar que não retaliará os Estados Unidos pela decisão de Donald Trump de taxar o aço brasileiro em 25%, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) silenciaram e não se pronunciaram sobre a posição do Brasil no tarifaço. Alckmin é também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Havia a expectativa de que ele comentaria a sinalização brasileira de não recorrer a esse mecanismo neste momento durante um evento voltado à indústria na manhã desta quarta (12), no Palácio do Planalto. No entanto, ele sequer discursou e não comentou sobre a decisão de Trump nem mesmo na entrevista concedida mais cedo a uma rádio do Amapá, estado que visitará na quinta (13) com o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
A sinalização de que não haverá retaliação aos Estados Unidos neste momento foi dada pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) na terça (11), em que disse que “o Brasil não estimula e não entrará em nenhuma guerra comercial. Sempre seremos favoráveis a que se fortaleça, cada vez mais, o livre comércio”.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, seguiu na mesma linha e afirmou que o governo aguardará o desenrolar da implantação da taxação e negociações.
“A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações. Nós acreditamos muito no diálogo”, disse na segunda (10). Também havia a expectativa de que ele comentaria a taxação na cerimônia desta quarta (12), mas adotou a posição de Lula e não se pronunciou.
Trump oficializou uma tarifa de 25% às importações de aço e de alumínio que entrará em vigor no dia 12 de março. Em 2024, o país exportou US$ 11,9 bilhões em ferro fundido, ferro e aço, dos quais US$ 5,7 bilhões – 48% do total – foram para o mercado norte-americano.
A cerimônia desta quarta (12) da chamada Nova Indústria Brasil marcou o anúncio das metas da Missão 6, uma iniciativa voltada ao fortalecimento de tecnologias estratégicas para a soberania e defesa nacional. O plano prevê investimentos de R$ 112,9 bilhões, sendo R$ 79,8 bilhões de recursos públicos e R$ 33,1 bilhões do setor privado, com foco em áreas como satélites, radares e foguetes.
No ano passado, diz o governo, as exportações de produtos de defesa tiveram um crescimento de 22% na comparação com 2023, chegando a US$ 1,8 bilhão. Os investimentos públicos incluem R$ 31,4 bilhões do PAC Defesa para projetos como os caças Gripen, o cargueiro KC-390, viaturas blindadas, fragatas e submarinos.
No setor privado, R$ 23,7 bilhões serão aplicados em aeroespacial e defesa, R$ 8,6 bilhões no setor nuclear e R$ 787 milhões em segurança.
A Missão 6 tem como prioridade fortalecer três cadeias produtivas: satélites, veículos lançadores e radares, setores estratégicos para geração de exportações de alta tecnologia e empregos qualificados. O objetivo é elevar o domínio das chamadas tecnologias críticas para a defesa, passando dos atuais 42,7% para 55% até 2026 e 75% até 2033. Essas tecnologias são definidas a partir de 39 projetos estratégicos dos ministérios da Defesa, Ciência e Tecnologia, da Finep e da Agência Espacial Brasileira.
No contexto mais amplo, a indústria nacional já soma R$ 3,4 trilhões em investimentos públicos e privados, sendo R$ 1,1 trilhão do governo e R$ 2,24 trilhões do setor produtivo, incluindo iniciativas do Novo PAC e do Plano de Transformação Ecológica.