O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse considerar “razoável” a redução das penas dos condenados pelo 8 de janeiro de 2023, porque “teve gente que veio na turba”. Contudo, o senador afirmou que é contra a anistia. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, divulgada nesta terça-feira (11), Wagner defendeu “penas mais fortes” para quem inspirou e financiou a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
“Anistiar é estimular outra vez. Sou contra e não sei se é fácil passar aqui. Está cada dia mais provado que havia um plano. Modular as penas é um problema do Judiciário, que eu acho razoável, porque teve gente que veio na turba. Eu acho que a modulação é pertinente, porque os inspiradores e financiadores é que deviam ter pena mais forte”, disse o líder do governo.
A oposição pressiona pela aprovação do projeto de lei 2858/22, que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indiciado pela Polícia Federal no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado.
“Como está apertando, eles provavelmente querem salvar os financiadores e o próprio Bolsonaro, que estimulou [a tentativa de golpe]. Esse tipo de crime, para mim, é um dos mais graves que tem, que é pregar um regime autoritário, questionar uma eleição”, disse Jaques Wagner.
Nesta segunda (10), o ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que a Justiça deveria soltar “inocentes” ou pessoas que tiveram um envolvimento menor nos atos de 8 de janeiro. “Eu acho que na hora que você solta um inocente ou uma pessoa que não teve um envolvimento muito grande é uma forma de você pacificar, esse país precisa ser pacificado. Ninguém aguenta mais esse radicalismo. A gente vive atrás de culpados”, disse o ministro em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.
Senador diz que mudança na Lei da Ficha Limpa pode ser aprovada
Durante a entrevista ao Estadão/Broadcast, o líder do governo sinalizou que não é totalmente contra a mudança, apontando que quando um investigado passa à condição de réu, o prazo de inelegibilidade “já deveria estar contando, porque, perante a opinião pública, mesmo que ele não esteja condenado, ele já está meio baleado”.
Wagner disse que muitos pontos da regra ainda precisam ser ajustados, mas destacou que o projeto tem mais chances de ser aprovado em comparação com o PL da anistia. O senador minimizou a possível candidatura de Bolsonaro em 2026.
“Não tenho essa torcida obsessiva, de que ele tem que ficar interditado para não ser candidato… Como as coisas estão muito fanatizadas, não acho que eles [na direita] perdem muito se ele [Bolsonaro] sai de cena”, afirmou. Para o senador, o presidente Lula (PT) tem a “mesma chance de ganhar” contra o ex-presidente ou alguém endossado por ele. Além disso, ponderou que a “política está fanatizada” e o centro “sumiu”.