O partido A Esquerda, com 25%, e a legenda da direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com 21%, foram os partidos que receberam mais votos nas eleições alemãs entre os menores de 24 anos, que abandonaram em grande escala o Partido Verde e o Partido Liberal (FDP), que haviam sido os preferidos dos jovens em 2021, de acordo com dados levantados pelo instituto de pesquisas Dimap.
Os verdes, que haviam conquistado 23% dos votos nas eleições gerais de 2021, agora conseguiram apenas 10%, enquanto o FDP despencou de 21% para 5%.
As estimativas de outros institutos de pesquisa são semelhantes.
Anna F, de 24 anos, disse à Agência EFE que votou na Esquerda por se tratar do partido “mais fortemente comprometido com a justiça social em todas as áreas: impostos, alugueis de moradia e educação”.
De acordo com o psicólogo Rüdiger Maas, fundador do Instituto para Estudos sobre Gerações em Augsburg, no sul da Alemanha, há uma lacuna entre homens e mulheres nessa faixa etária no que diz respeito ao comportamento eleitoral.
Enquanto os homens jovens tendem a votar no AfD, as mulheres se inclinam a votar na esquerda.
“Os homens jovens temem a imigração e o declínio social, e o AfD lhes oferece soluções. As mulheres têm medo do populismo de direita e do questionamento do feminismo e da diversidade, e é por isso que votam na esquerda”, disse Maas à revista Der Spiegel.
“Em nenhuma outra geração ficou tão claro que as mulheres tendem a votar na esquerda e os homens na direita”, acrescentou.
Em 2021, os verdes se beneficiaram entre os jovens do impulso que receberam na época do movimento de mudança climática ‘Fridays for Future’. Agora, a questão da crise climática parece ter ficado em segundo plano.
Klaus Hurrelmann, diretor do estudo “Juventude na Alemanha”, que é atualizado anualmente com pesquisas com jovens entre 14 e 29 anos, explicou a mudança dizendo que há outras questões — inflação, medo de guerra, escassez de moradias ou medo de perda de bem-estar — que agora são mais preocupantes do que a crise climática.
Hurrelmann acredita que isso pode ser uma explicação para o motivo pelo qual muitos jovens deram as costas aos verdes e votaram na Esquerda.
Os liberais, por sua vez, se viram punidos por não terem conseguido desenvolver um perfil próprio dentro da coalizão tripartite que governou nos últimos três anos junto com o Partido Social Democrata (SPD) e os verdes, e foram percebidos apenas como um fator perturbador.
Outro fator para o sucesso da Esquerda e da AfD entre os jovens são suas campanhas bem-sucedidas nas mídias sociais.
O bloco conservador, formado pela União Democrata Cristã e pela União Social Cristã (CDU/CSU), que venceu as eleições, tem como princípio, conforme estabelecido em uma resolução aprovada em seu congresso, não formar coligações nem com o AfD nem com a Esquerda.
Por sua vez, o SPD e os verdes formaram coligações com a Esquerda em nível regional, mas em nível nacional essas alianças estão descartadas principalmente devido a diferenças na política externa e de defesa.