O regime islâmico do Irã está “disposto” a retomar negociações diplomáticas com os Estados Unidos, segundo disse à agência Reuters esta quarta-feira (5) um alto funcionário da ditadura de Teerã, após o presidente Donald Trump restabelecer nesta terça-feira (4) sua política de “pressão máxima” contra o regime islâmico.
Trump reafirmou ontem sua posição firme contra o Irã, reforçando sanções destinadas a enfraquecer a economia do país (restringindo ainda mais suas exportações de petróleo) e impedir seu avanço nuclear.
“A vontade do establishment clerical é dar outra chance à diplomacia com Trump, mas Teerã está profundamente preocupado com a sabotagem de Israel”, disse à Reuters o alto funcionário iraniano.
A estratégia adotada por Trump nesta terça-feira visa enfraquecer totalmente o regime dos aiatolás, que há décadas financia grupos terroristas no Oriente Médio, como o Hamas e o Hezbollah. Trump, que afirmou que não deseja que Teerã possua uma bomba atômica, destacou em uma publicação feita em sua rede social, a Truth Social, que sua meta principal para alcançar este objetivo não é um confronto direto com o país persa, mas sim um “Acordo de Paz Nuclear Verificável”.
O ministro das Relações Exteriores do regime iraniano, Abbas Araghchi, disse nesta quarta que o impasse nuclear com os EUA “não é um problema” se Washington estiver disposto a reconhecer a posição oficial do Irã. O chefe da diplomacia iraniana lembrou que a posição do Irã sobre armas nucleares é clara: o país é membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, emitiu uma fatwa (decreto religioso) proibindo seu desenvolvimento.
“Se a questão principal é que o Irã não desenvolva armas nucleares, então isso é possível e não há problema”, declarou Araghchi, acrescentando que a política de “pressão máxima” de Trump fracassou no passado e falhará novamente.
O regime iraniano reforçou ainda sua posição a respeito da questão palestina. Em resposta à proposta de Trump sobre a possibilidade de reassentar palestinos fora de Gaza e controlar o enclave, o alto funcionário iraniano declarou à Reuters que “Irã não concorda com nenhum deslocamento de palestinos e comunicou isso por diversos canais. No entanto, essa questão e as negociações nucleares são assuntos distintos e devem ser tratados separadamente.”