O ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Marques de Carvalho, afirmou nesta terça-feira (11) que a queda no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024 é uma “conversa de boteco”. O Brasil chegou à pior nota e pior colocação da série histórica, que pode ser comparada desde 2012, segundo dados da organização Transparência Internacional.
“A Transparência Internacional fala que a percepção da população brasileira sobre o combate à corrupção é menor porque o presidente Lula fala pouco disso em discurso, mas de onde eles tiraram isso? Qual a correlação de uma coisa com a outra? Desculpe, mais isso é conversa de boteco”, declarou Marques, em entrevista à GloboNews.
Para aferir o IPC de cada um dos 180 países avaliados, são atribuídas notas em uma escala de 0 a 100. Quanto maior a nota, melhor é a percepção sobre a integridade do país. A nota do Brasil foi 34, empatando com Nepal, Argélia, Malauí, Níger, Tailândia e Turquia.
O Brasil caiu 3 posições do ranking depois de perder 2 pontos em comparação ao resultado de 2023 e passou a ocupar a 107ª posição. Este foi o pior resultado já registrado para o Brasil desde 2012, quando teve início a séria histórica.
De acordo com o relatório, “em 2024, o Brasil falhou em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção. Ao contrário, o mundo viu um país onde o presidente não pronuncia a palavra ‘corrupção’, o Judiciário escancara a impunidade para corruptos poderosos e o Congresso institucionaliza a corrupção em larga escala”.
Na avaliação do ministro da CGU, a métrica de análise do ranking “não faz sentido” por utilizar índices diferentes para comparar países. Para ele, a pesquisa é mais uma “pesquisa de opinião” do que uma medida de combate à corrupção.
“A comparação entre países é estranha, pois o pacote de índices para avaliar cada país varia. Então, na minha opinião, é complicado usar métricas distintas, isso nem deveria ser feito. Esse não é uma medida de combate à corrupção, mas sim de percepção, uma pesquisa de opinião”, disse Marques.
Outra crítica do líder da CGU é referente aos 4 pontos negativos do levantamento em que o Brasil apresentou piora. O relatório cita os casos de denúncias de corrupção envolvendo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a “blindagem” do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, “meses após ele ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa” e a reaproximação entre o governo federal e os irmãos Joesley e Wesley Batista.
“Foram feitas perguntas singelas, como ‘No seu país tem corrupção? Fale sim ou não e dê uma nota’. Depois disso, a Transparência faz a análise dela com base nas respostas. Isso leva ao erro das pessoas acharem que o Brasil caiu de nota por conta dos temas que a Transparência cita na análise, mas uma coisa não tem a ver com a outra”, declarou.