Estudos apontam que a prática esportiva regular contribui para benefícios físicos, emocionais e sociais, favorecendo o bem-estar
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado nesta quarta-feira, dia 2 de abril. A prática esportiva é importante para o desenvolvimento e a qualidade de vida de pessoas que têm Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Estudos recentes apontam de forma unânime que a prática regular contribui para benefícios físicos, emocionais e sociais, favorecendo o bem-estar, o desenvolvimento motor e a integração social desses indivíduos.
O objetivo central das políticas públicas voltadas à inclusão esportiva deve ser o de incentivar a adesão de longo prazo à prática de atividades físicas. Isso significa ir além de programas pontuais e promover uma cultura de movimento contínua, adaptada e acessível, que acompanhe a pessoa com TEA em todas as fases da vida.
Nesse sentido, o Ministério do Esporte reafirma seu compromisso com a promoção da inclusão por meio do esporte, reconhecendo o potencial transformador das práticas esportivas no desenvolvimento humano, na saúde e na cidadania de todas as pessoas com deficiência, incluindo as pessoas com TEA.
Programa TEativo
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O TEAtivo é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Paradesporto (SNPAR), do Ministério do Esporte, criada para implementar núcleos de práticas esportivas, corporais e de lazer voltados ao atendimento de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O objetivo principal é melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e de seus familiares, promovendo a inclusão social e o exercício pleno da cidadania (Portaria MESP 64/2023).
A iniciativa promove atividades físicas adaptadas que beneficiam a saúde física e mental das pessoas com TEA, o que facilita a inclusão social pelo esporte, promovendo a interação e socialização dos beneficiários. O público do programa são pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo a partir dos 6 anos de idade, dos três níveis de suporte. Há também a meta de atendimento de 50% de público feminino, sempre que possível.
A professora de natação para o programa TEAtivo da Apae/Recife Natashy Melo fala sobre os benefícios da prática desse esporte para pessoas dentro do espectro. “Há melhoria na coordenação motora, desenvolvimento do equilíbrio e dos músculos, ajuda na postura e no controle da ansiedade e do estresse. A natação pode ser uma terapia completa para pessoas com autismo.”
Adriana, mãe do Adelson Gabriel, aluno da natação, afirma que o esporte está sendo muito benéfico para o filho, tanto física como neurologicamente. “Ele é TEA nível três e tem doenças musculares. Quando vai à natação tem um dia bem produtivo. As estereotipias [ações repetitivas], desorganização e hiperatividade diminuem.”
Para o aluno da natação Carlos Leonardo, de 10 anos, a prática esportiva faz muito bem. “Além de desenvolver o corpo, desenvolve o cognitivo”, destaca.
Apesar dos avanços, ainda existe uma lacuna significativa de conhecimento científico quando se trata da aplicação prática e efetiva da atividade física para esse público. A diversidade de estudos disponíveis, que envolvem diferentes modalidades esportivas, faixas etárias e objetivos, torna desafiadora a criação de consensos sobre o que funciona melhor em cada caso.
O desafio na criação de programas eficazes e inclusivos
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Um dos principais desafios apontados pela comunidade científica é a construção de programas de atividade física que realmente atendam às necessidades e características das pessoas com TEA. Questões como a intensidade dos exercícios, a duração e a frequência das sessões precisam ser pensadas de forma personalizada. Além disso, é fundamental considerar estratégias que garantam o engajamento contínuo, o prazer pela prática esportiva e o desenvolvimento progressivo.
Para isso, especialistas recomendam uma abordagem integrada, que una os conhecimentos da área clínica do autismo com os princípios da fisiologia do exercício. O uso de ferramentas de monitoramento de carga, desempenho motor e cognitivo pode contribuir para a personalização dos treinos e para a avaliação de seus efeitos ao longo do tempo.
Atualmente estão implementados 11 núcleos do Programa TEAtivo, em todas as capitais do Nordeste. Cerca de 2 mil famílias estão em atendimento. Dez núcleos foram implementados via Lei de Incentivo ao Esporte, por meio da captação de recursos na iniciativa privada para o desenvolvimento do programa nesses municípios: Maceió, Salvador, Fortaleza, Imperatriz, São Luís João Pessoa, Recife, Teresina, Natal, Aracaju.
Além disso, Caxias/MA tem um núcleo do programa TEAtivo que foi implementado com recursos do Ministério do Esporte. Ele núcleo atende hoje em média 200 crianças e adolescentes no esporte.
As modalidades que vem sendo desenvolvidas nos núcleos são: atletismo, natação, futebol e capoeira.
Já para o primeiro semestre de 2025 está previsto a implementação de núcleos no as capitais do norte do País.