Haddad destacou a necessidade de cautela para evitar que um aperto monetário excessivo prejudique o crescimento.
“Se você já está com Selic muito restritiva, remédio em excesso pode ser contraproducente”, disse em entrevista à RedeTV.
Apesar do cenário de juros elevados, Haddad prevê um crescimento da economia acima do previsto para este ano, mas menor do que o registrado em 2024.
“Nós estamos prevendo este ano uma redução do crescimento da atividade econômica de 3,5% para algo em torno de 2,5%, justamente para acomodar as pressões inflacionárias […] Não quero revisar para perto de 2% porque acredito que nós temos espaços para crescer 2,5% reduzindo a inflação”, completou.
O ministro também demonstrou otimismo em relação à acomodação dos preços dos alimentos no próximo ano, atribuindo essa expectativa a uma safra promissora e à possível desvalorização do dólar em relação às projeções atuais do mercado financeiro.
Fernando Haddad também comentou sobre as possíveis mudanças na política comercial dos Estados Unidos, especialmente diante da confirmação de Donald Trump de que aplicará tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México. O ministro minimizou o risco de sobretaxação a exportações brasileiras, argumentando que a balança comercial entre os dois países está equilibrada.
“Qual seria o ganho dos Estados Unidos em sobretaxar produtos brasileiros? Não faz sentido, é uma balança equilibrada entre os dois países”, afirmou.
Ele destacou ainda que, caso os Estados Unidos aumentem tarifas sobre grandes exportadores, o Brasil pode acabar beneficiado ao ganhar espaço no mercado norte-americano.
“Se ele sobretaxar um país no qual ele importa muito, pode favorecer o Brasil, inclusive, a exportar mais para os Estados Unidos, mas não sabemos ainda qual será essa política comercial”, ponderou.
“É muito simples, se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples, não tem nenhuma dificuldade”, disse em uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto.