O governador piauiense Rafael Fonteles (PT-PI), um dos mais próximos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reconhece que o partido está rachado e que precisará se aproximar do centro e da centro-direita para disputar a reeleição no ano que vem.
Ele é um dos adeptos da política econômica de ajuste fiscal que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) tenta impor no governo, mas que é constantemente alvo de críticas de alas do PT – principalmente da atual mandatária Gleisi Hoffmann.
“O PT é um partido muito grande, tem correntes que pensam diferente. Mas eu estou nessa direção de defender a política econômica do ministro Haddad”, disse em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo (23).
Gleisi e Haddad já tiveram desentendimentos públicos por conta de medidas de ajuste tentadas por ele, mas que Fonteles considera como superadas. No Momento, diz, há uma defesa do governo que precisa ser aprofundada para não enfraquecer a reeleição de Lula em 2026.
“O partido tem que defender o governo, mesmo que um ou outro militante não concorde com uma ou outra política. Se der espaço para ampliar as críticas, estaria fragilizando o projeto de reeleição”, pontuou.
Para ele, a próxima eleição presidencial será novamente polarizada entre Lula e um candidato da direita – ele cita até mesmo Jair Bolsonaro (PL), que segue inelegível. E, por isso, o PT precisa mover a “frente ampla” de 2022 ainda mais ao centro e, até mesmo, à centro-direita. No entanto, alas do partido são contra essa aproximação.
Isso é algo que está no radar do governo, tanto que a reforma ministerial em gestação por Lula pretende abrir mais espaço na Esplanada dos Ministérios para partidos do centrão, com a nomeação de parlamentares para o alto escalão.
“A frente ampla vai ser importante, fazer um caminho para o centro procurando conversar até com a centro-direita. Para continuarmos representando a maioria da população, temos que nos aproximar do centro e da centro-direita”, ressaltou.
Ainda segundo Rafael Fonteles, não há um plano B para 2026, e o sucessor de Lula será construído após a reeleição – “pode ser o ministro Fernando Haddad, por exemplo”, disse.
Já Haddad perderia para o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
“Ninguém vai ficar apostando em outro nome quando temos o melhor. Neste momento o foco total é a reeleição de Lula, e depois ele terá tempo de apresentar ao Brasil novas lideranças”, completou.