Quase cem dias depois de assumir a presidência, Luiz Eduardo Batista, o Bap, presidente do Flamengo, compareceu a uma reunião do Conselho Deliberativo para dar um panorama sobre a saúde financeira rubro-negra.
Bap mostrou números sobre um orçamento refeito diante da nova realidade – o último fora planejado ainda pela gestão Rodolfo Landim, em novembro de 2024.
E as novas cifras apontam para uma previsão de uma receita recorde de R$ 1,5 bilhão, um superávit de R$ 180 milhões e uma queda do endividamento do clube em R$ 175 milhões. A dívida líquida, segundo o presidente, aumentou de R$ 48 milhões para R$ 346 milhões em 2024.
A previsão com o orçamento de novembro de 2024 era de que o Flamengo teria em caixa em dezembro apenas R$ 3,3 milhões. Eleita, a gestão Bap tomou ações emergenciais, como renegociação de pagamentos e cancelamentos de despesas, para que parte do valor fosse recuperado, alcançando uma receita de R$ 66,5 milhões. Assim, Bap encontrou assumiu com o caixa em R$ 69,8 milhões.
A partir daí o clube começou a enxugar gastos, passar um pente fino nas finanças e tentar alavancar receitas. Os devedores foram um dos alvos mais atacados. Os clubes portugueses Estrela Amadora e Leixões, por exemplo, devem quase três milhões de euros ao clube pelas compras do volante Igor Jesus e do atacante Werton.
Ambos foram acionados na Fifa. O Internacional atrasou parcelas da compra do volante Thiago Maia, em um valor total de cerca de quatro milhões de euros. O Colorado chegou a negociar o jogador com o Santos e repassar a dívida, mas o acordo não andou porque os rubro-negros exigiram garantias financeiras. A determinação no clube é só realizar negócios agora com garantias de primeira linha ou à vista.
“Vou ensinar ao mercado uma lição. Não deva ao Flamengo que eu vou colocar na mídia o teu nome”, disse Bap durante a reunião.
Já com relação ao futebol masculino, o novo orçamento prevê um aumento para contratações de 20 para 30 milhões de euros em 2025. Até o momento o clube gastou sete milhões de euros. O planejamento é conquistar ao menos dois grandes títulos, prioritariamente o Campeonato Brasileiro.
O Maracanã também deverá ser uma nova fonte de receita ao Flamengo. De acordo com Bap, a gestão operacional do estádio já foi otimizada. A margem operacional de lucro, anteriormente de 31%, está atualmente na casa de 44%.
A previsão é que até o fim do ano chegue a ao menos 55%. A relação do Palmeiras com o Allianz Parque foi dada como exemplo: 71% de margem. Além disso, o clube planeja a venda de naming rights do Maracanã. Dois bancos privados foram citados como exemplos para assumir a frente do nome do estádio e alavancar receitas.
O estádio vai contar com um estacionamento com capacidade para 400 vagas no local onde ficava o antigo estádio de atletismo Célio de Barros em breve. E há um trabalho para valorizar a venda de camarotes. Paralelamente, o clube trabalha em um novo plano de sócio-torcedor para quem não frequenta estádio.
Bap apontou ainda que o clube está em processo de revisão dos contratos de TV para transmissão do Campeonato Brasileiro no período de 2025-2029 negociados e assinados na antiga gestão.
O grupo atual considera que o Flamengo pode ter um prejuízo e, por isso, contratou uma empresa especializada para assessorar na negociação de direitos e na discussão com a Libra. A expectativa, segundo Bap, é de resultados a médio prazo.
No ramo de TV, o mandatário ainda acrescentou que a Flamengo TV teve custos reduzidos de R$ 12,4 milhões para R$ 8,5 milhões. Em dois meses a receita é de R$ 7,4 milhões. A expectativa é aproveitar o momento de transmissões do Campeonato Brasileiro para o exterior na plataforma própria do clube como experiência para aplicar em contratos futuros e colocar na mesa de negociações.
No campo esportivo, o apontamento é de R$ 17 milhões de déficit anual nos Esportes Olímpicos e R$ 11 milhões no futebol feminino. O objetivo da gestão é atingir a auto sustentabilidade.
