O atacante Thiago Ribeiro personifica as idas e vindas e os altos e baixos do futebol. Depois de ter o auge da carreira interrompido ao ser diagnosticado com depressão, o ex-jogador de São Paulo, Santos, Cruzeiro e Atlético-MG está 100% recuperado e pronto para ajudar na reconstrução do clube que lhe abriu as portas.
Na semana passada, Thiago Ribeiro acertou o retorno ao Rio Branco para a disputa do mata-mata da Série A3 do Campeonato Paulista. Foi em Americana, no interior de São Paulo, que o atacante deu seus primeiros passos no futebol há 21 anos.
“Uma alegria muito grande de retornar ao clube onde dei meus primeiros passos. Um clube que eu tenho muito carinho, fiquei muito feliz em retornar 21 anos depois, passou um filme na cabeça quando pisei no gramado, olhar para os alojamentos e lembrar que fiquei ali por três anos”, lembrou Thiago Ribeiro em entrevista à ESPN.com.br.
Durante o período distante do Tigre, Thiago Ribeiro atuou por 16 clubes, conquistou títulos e disputou mais de 500 partidas. Mas a principal delas aconteceu fora de campo. Em 2014, o atacante atuava em alto nível pelo Santos quando foi diagnosticado com depressão. Começava ali uma batalha que durou quase oito anos.
“Foi o jogo mais importante que venci na minha carreira”, garantiu Thiago Ribeiro.
E seu currículo conta com títulos expressivos, como o Mundial de Clubes de 2005 e o Brasileirão de 2006, ambos conquistados pelo São Paulo. Além disso, o atacante foi artilheiro da CONMEBOL Libertadores de 2010 pelo Cruzeiro e chegou a sonhar com a convocação para a seleção brasileira na Copa do Mundo na África do Sul.
“Eu tive uma carreira muito boa. Apesar que tive a carreira prejudicada pelo problema de depressão que enfrentei com 28 anos, no auge da minha carreira no Santos. Sofri com isso por vários anos, atrapalhou muito meu desempenho, porque perdi resistência, explosão, velocidade… Afeta a mente”, disse o atacante.
“Quando eu lembro de alguns momentos da minha carreira, como em 2016 o São Paulo perdeu a final para o Inter na Libertadores, em 2019 pelo Cruzeiro perdemos a final da Libertadores para o Estudiantes. São dois títulos que gostaria muito de ter conquistado, mas quando olho para aquilo que enfrentei, que durou de cinco a sete anos… Quando olho para trás e vejo tudo o que tive de enfrentar com esse problema da depressão, sem dúvida foi a minha maior vitória. Porque sem saúde você não consegue trabalhar, não consegue nada”, completou.
Apesar de lutar contra a depressão, Thiago Ribeiro não largou o futebol, mas não conseguiu desempenhar em alto nível. Nos últimos anos, rodou por clubes de pouca expressão, como Democrata de Sete Lagoas-MG, Catanduva-SP, Patrocinense-MG e Nova Mutum-MT.
“Mesmo tendo esse contratempo, vejo que foi uma carreira muito boa e ainda tenho outros objetivos. Fico feliz pela carreira que alcancei e muito feliz por estar 100% recuperado”, comemorou.
Vai subir o Tigre?
Entre os objetivos que Thiago Ribeiro ainda quer alcançar, um deles é subir o Rio Branco à Série A2 do Paulista. O primeiro passo foi dado com a classificação às quartas de final sobre o Desportivo Brasil. Depois de disputar 10 minutos no jogo de ida, o atacante foi escalado como titular na volta e fez a diferença, com um gol e uma assistência na vitória por 3 a 1.
Na semifinal, o Rio Branco vai enfrentar o Monte Azul, que fez a melhor campanha na fase classificatória. O jogo de ida será neste sábado (29), às 15h (de Brasília), no Estádio Décio Vitta, em Americana, e a volta está marcada para o dia 6 de abril, em Monte Azul Paulista. Quem passar garante vaga na Série A2 de 2026 e na final da Série A3.
“Se a gente conquistar esse acesso vai ter um gosto muito especial, porque foi aqui que eu comecei, foi o clube que me abriu as portas. Vou guardar esse momento com muito carinho e caso a gente consiga coroar com o título, vai ser um título que vou guardar com muito carinho”, destacou Thiago Ribeiro.
Aos 39 anos, o atacante acredita que consegue atuar em alto nível por mais duas ou três temporadas. E Thiago Ribeiro não pretende deixar o futebol quando pendurar as chuteiras. Inspirado em Pep Guardiola e Telê Santana, já iniciou os estudos para se tornar treinador.
“Já estou estudando para ser treinador quando encerrar a carreira, é uma coisa que eu quero, que eu gosto. O treinador que eu mais gosto de ver o time jogar é o Guardiola, independente de títulos, a filosofia que ele implanta, a maneira como ele vê o futebol. Eu não acompanhei de perto, mas pelo pouco que eu vi o Telê Santana, tinha um estilo de jogar com a bola, jogar para frente, cobrar do jogador a parte técnica, que é o que eu acho que está faltando hoje. Vejo o treinador cobrando muito da parte física e tática, mas não a parte técnica, que é realmente o que importa”, finalizou.