Menos de dois anos depois das últimas eleições presidenciais e legislativas, a população do Equador volta às urnas neste domingo (9), para decidir quem comandará o país até 2029.
As pesquisas indicam que a disputa deverá ser uma revanche entre o atual presidente, Daniel Noboa, e a esquerdista Luisa González, já que os dois estão bem à frente dos demais candidatos.
Eles se enfrentaram em 2023, numa eleição antecipada, convocada pelo então mandatário Guillermo Lasso em meio a uma crise política que quase resultou no seu impeachment.
Naquela ocasião, Noboa venceu no segundo turno, e as pesquisas indicam que ele e González devem se enfrentar outra vez numa segunda votação, que, caso se confirme, será realizada em 13 de abril.
Noboa, filho de Álvaro Noboa, um dos empresários mais ricos do Equador, tem 37 anos. Ele foi deputado nacional e em novembro de 2023 se tornou presidente após a vitória sobre González, com a missão de buscar soluções para o aumento vertiginoso da violência – puxado pela atuação do crime organizado – que ocorreu no Equador nos últimos anos.
Logo no início do seu mandato, em janeiro de 2024, ocorreu uma onda de violência em presídios e nas ruas do país. O presidente decretou estado de exceção em várias províncias equatorianas, que vem sendo renovado e ampliado devido à crise de segurança.
Além disso, em abril, a população do Equador aprovou em referendo propostas do governo para combate à criminalidade, como a participação das Forças Armadas em apoio à polícia na luta contra o crime organizado e o aumento das penas para crimes como terrorismo e seu financiamento, tráfico de pessoas, entre outros.
Outra medida anunciada por Noboa foi a construção de presídios de segurança máxima no “estilo Bukele”. Em 2024, a taxa de homicídios no Equador foi de 38 por 100 mil habitantes, uma das mais altas do mundo, mas abaixo do índice de 47 de 2023.
O breve mandato de Noboa foi tumultuado não apenas devido à violência no país, mas também por questões políticas e diplomáticas.
Sua vice-presidente, Verónica Abad, foi à Justiça para pedir a destituição de Noboa, alegando que ele praticou violência de gênero ao deixá-la de lado na sua gestão e designá-la como “colaboradora para a paz em Israel”, o que exigiu sua mudança para Tel Aviv, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza.
Além disso, Noboa travou uma disputa diplomática com o México, ao autorizar uma operação policial na embaixada mexicana em Quito, ação na qual o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, condenado por corrupção, foi preso.
Glas, que foi vice na gestão de Rafael Correa (2007-2017), estava na representação diplomática porque havia pedido asilo político ao México.
González prometeu que, caso seja eleita, concederá salvo-conduto para que Glas deixe o Equador e siga para o México.
Ela tem 47 anos, é advogada, foi deputada nacional e exerceu diversos cargos durante a gestão de Correa, como assessora da Secretaria das Comunicações e Informação da presidência e secretária de Administração Pública.
Sobre Correa, condenado a oito anos de prisão por corrupção, mas que não está preso porque recebeu asilo na Bélgica, a candidata disse que o convidou para ser assessor no seu governo e que o ex-presidente é vítima de “perseguição política”.