O enviado especial do presidente dos Estados Unidos para Missões Especiais, Richard Grenell, expressou nesta quinta-feira (23) sua rejeição a uma expansão da Otan com a entrada de países como a Ucrânia, pelo menos enquanto os atuais membros da Aliança Atlântica não investirem em defesa uma quantia que os americanos consideram justa.
“Haverá uma grande comoção nos Estados Unidos se tivermos o secretário-geral da Otan (o holandês Mark Rutte) falando sobre adicionar a Ucrânia à organização”, disse Grenell por videoconferência em um painel no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, do qual Rutte participou pessoalmente, junto com líderes europeus.
“São os cidadãos americanos que estão pagando pela defesa. Não se pode pedir aos cidadãos americanos que expandam o guarda-chuva da Otan quando os membros atuais não estão pagando sua justa parte, e isso inclui os holandeses, que têm que aumentar (seus gastos militares)”, completou.
O novo presidente dos EUA, Donald Trump, há muito tempo enfatiza a necessidade de os membros da Otan aumentarem seus gastos com defesa.
De fato, Trump disse na terça-feira que os países-membros da Aliança Atlântica deveriam destinar 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) à defesa, aumentando a meta atual de 2%. “A Otan deveria estar em 5%. 2% é ridículo”, declarou Trump durante uma entrevista coletiva na Casa Branca.
Em 2014, os aliados se comprometeram a destinar 2% do seu PIB às Forças Armadas em 2024, um patamar que 23 dos 32 aliados já alcançaram e que os outros planejam atingir em breve.
No entanto, espera-se que esse compromisso seja atualizado na próxima cúpula da Otan, marcada para junho em Haia, a primeira da qual Trump participará em seu segundo mandato.
Ainda não há um número definido, mas alguns aliados estão falando em estabelecer 3% como uma nova meta, enquanto o secretário-geral da Aliança, Mark Rutte, se recusa a propor um número específico.
Rutte deixou claro que 2% “não é suficiente” e que, se as necessidades de capacidade decorrentes do processo de planejamento interno da Otan forem tidas em conta, “será superior a 3%”.
Em relação à hipotética entrada da Ucrânia na Aliança, os membros da organização transatlântica concordaram em uma cúpula realizada em Bucareste em 2008 que Kiev se juntaria à Otan no futuro, sem especificar datas.
Rutte afirma que a Europa “pagará a conta” por ajuda à Ucrânia
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, declarou em seu discurso em Davos, nesta quinta-feira, que a Europa “pagará a conta” pela ajuda dos EUA à Ucrânia durante a invasão russa.
Mas, segundo Rutte, é necessário que “Washington continue envolvido” no abastecimento do país. “Se esse novo governo Trump estiver disposto a continuar abastecendo a Ucrânia com sua base industrial de defesa, a conta será paga pelos europeus, estou absolutamente convencido disso, temos que estar dispostos a fazer isso”.