Na madrugada do dia 13 para 14 de março um eclipse lunar com uma “Lua de Sangue” poderá ser visto nos céus do Brasil e de toda América Latina. O fenômeno astronômico terá seu início às 2h09, alcançando seu ápice às 3h25 e se encerrando às 4h30. O último eclipse lunar total nos céus brasileiros ocorreu em maio de 2022 – este será o único a ser visto nas Américas em 2025 e poderá também ser contemplado em partes da África e Europa.
O que é um eclipse lunar total e o que é uma “Lua de Sangue”?
O eclipse lunar total é um fenômeno que ocorre quando a Terra fica perfeitamente alinhada entre o Sol e a Lua. Isso faz com que nosso planeta projete uma sombra sobre a Lua, bloqueando a luz solar que normalmente a ilumina.
A imagem acima ajuda a entender um eclipse lunar total. Isso ocorre quando há um alinhamento perfeito, em que a Lua fica com a luz solar “tapada” através da Terra. A penumbra é a região da sombra que recebe luz de alguns pontos da fonte, enquanto a umbra é a região da sombra que não recebe luz de nenhum ponto da fonte.
Mesmo com o bloqueio da iluminação solar, acontece uma dispersão da luz através da atmosfera da Terra, fazendo com que ondas de luz vermelha se propaguem e cheguem até a Lua. Com isso, a lua cheia fica com uma coloração avermelhada, conhecida por Lua de Sangue.
Embora o eclipse lunar da madrugada do dia 14 de março seja um eclipse lunar total, nem todos são assim. Além desse, existem o eclipse lunar parcial, que ocorre quando apenas uma parte da Lua entra na umbra da Terra; e o eclipse lunar penumbral, que acontece quando a Lua passa pela penumbra da Terra – parte mais clara e externa de sua sombra.
É seguro olhar para o eclipse lunar?
Diferentemente do eclipse solar, é totalmente seguro olhar para a Lua durante um eclipse lunar total, uma vez que o fenômeno não traz riscos aos olhos.
A Lua de Sangue acontece em fases:
- início do eclipse penumbral, quando a Lua entra na penumbra da Terra, ocasionando um leve escurecimento;
- início do eclipse parcial, quando a Lua começa a entrar na umbra;
- início da totalidade, quando a Lua começa a se avermelhar;
- fim da totalidade, quando a Lua começa a sair da umbra;
- fim do eclipse penumbral, quando a Lua volta a sua cor normal.
Naelton Mendes de Araujo, astrônomo da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, explica que o eclipse lunar dispensa instrumentos ópticos, mas os binóculos podem ser um bom recurso para melhor visão. “O mais importante: certifique-se de que a Lua vai estar visível durante todo o eclipse. Procure um lugar livre de obstáculos na direção do poente, pois o eclipse começa bem no alto do céu”, sugere.
Fotógrafo brasileiro viralizou após fotos da última Lua de Sangue
Uma das imagens virais da última Lua de Sangue vista nos céus do Brasil há mais de dois anos foi registrada pelo fotógrafo amador Israel Block. Sua imagem (veja a seguir) rendeu milhões de visualizações nas redes sociais.
Israel explica que o processo para chegar ao clique perfeito começou na escolha do local – no seu caso, no Parque das Águas, no município de Pinhais, no Paraná. “Ao todo, foram 168 cliques. Fiquei das 21h30 até pouco depois das 2h da manhã, depois do ápice”, conta o fotógrafo, que teve como principal obstáculo as nuvens que encobriram parte do céu.
Após chegar em casa e ver as fotografias, Israel pensou em mostrar todas as fases do eclipse ao invés de apenas uma foto do seu ápice e decidiu fazer uma montagem da sequência de registros, que conquistou mais de três milhões de visualizações nas redes sociais. “Publiquei sem imaginar o tamanho do alcance. Até hoje é uma das imagens que eu mais gosto”, diz.
O fotógrafo cita três dicas para quem deseja registrar o eclipse lunar:
- Planeje: pense no local onde você pretende fotografar, pense em cenário, em compor a lua com mais alguma coisa.
- Use um tripé: fotografar objetos tão distantes é um desafio para manter uma boa nitidez.
- Se possível, use uma lente teleobjetiva.
Próximos fenômenos a serem vistos do Brasil
Em 2024, o Brasil contemplou quatro superluas consecutivas. Neste ano haverá três: a Lua do Caçador, em 7 de outubro, a Lua do Castor, em 5 de novembro, e a Lua Fria, em 4 de dezembro.
As superluas ocorrem quando a Lua está em seu ponto mais próximo da Terra, parecendo até 15% mais brilhante e 30% maior do que as luas cheias normais. Para ter uma boa visão, é preferível um céu limpo. O fenômeno pode ser visto a olho nu, mas telescópio ou binóculos podem ajudar.
Eclipses lunares totais, como o que acontecerá em março, só voltarão a ser vistos em terras brasileiras em 2029. “Sobre os eclipses solares, no Brasil poderemos ver um em 2027, parcial em todo o país, e outro em 2028, total no norte e parcial no restante do país”, explica Naelton Araujo.