Data e Hora

Drones auxiliam no plantio de mudas nativas em região devastada por chuvas

Após as fortes chuvas que causaram uma tragédia no Litoral Norte de São Paulo durante o Carnaval de 2023, o governo paulista investiu em novas tecnologias para acelerar o processo de reflorestamento das áreas de encosta atingidas pela tempestade. Na ocasião, 64 pessoas morreram, principalmente, por causa do deslizamento de terra.

Técnicas como a implementação de hidrossemeadura, biomantas e o uso de drones espalharam 134 milhões de sementes na região. O projeto, chamado Restaura Litoral Norte,
abrange cerca de 203 hectares, o equivalente a mais de 280 campos de futebol, ao longo da Costa Sul de São Sebastião, com meta de restaurar pelo menos mais 160 hectares nos próximos três anos, promovendo a regeneração natural da área.

O trabalho é realizado pela Fundação Florestal e, segundo o governo, o investimento, de R$ 908 mil, para estabilizar encostas e conter erosão é importante para evitar novos acidentes com deslizamento de terras.

Recuperação

Foram 683 milímetros de chuva em apenas 24 horas, e mais de 800 pontos de deslizamento em diferentes regiões de São Sebastião no Carnaval de 2023. As chamadas “cicatrizes” dos deslizamentos ainda são visíveis nas encostas da Vila Sahy, em São Sebastião, a mais afetada pelos temporais, mas estão bem menores. A redução dessas marcas refletem o trabalho conjunto da Fundação Florestal e do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), da Defesa Civil e outros órgãos.

Cicatrizes morro Vila Sahy, São Sebastião/SP
Deslizamentos na vegetação nativa provocaram a tragédia Foto: Sergio Barzaghi/Governo de SP.

As biomantas e biorretentores foram aplicadas em 3 hectares das encostas do município. As equipes da Fundação Florestal estão utilizando semeadores que lançam biocápsulas biodegradáveis contendo sementes de espécies nativas da Mata Atlântica. Desta forma, a germinação alcança áreas de difícil acesso, como as encostas íngremes afetadas pelas chuvas.

Voos

Durante o processo, mais de 2 mil voos de drones foram realizados, lançando quase 1,5 tonelada de biocápsulas em 850 áreas afetadas pelos deslizamentos, com dispersão de cerca de 134 milhões de sementes. O projeto se estendeu por mais de dez meses e entra em sua fase de monitoramento para avaliar a resposta da natureza e o desenvolvimento das espécies plantadas.

Drone com biocapsulas, Fundação Florestal Ambipar Drone com biocapsulas, Fundação Florestal Ambipar
Drones ajudam na dispersão de sementes Foto: Sergio Barzaghi/Governo de SP.

De acordo com o governo, as espécies pioneiras, como guapuruvu, embaúba e crindiúva, foram priorizadas, pois são adaptadas ao ecossistema local e contribuem para a rápida regeneração da vegetação. Desde 2023, após as chuvas que causaram estragos no litoral, a dispersão de sementes tem demonstrado efetividade na recuperação da cobertura vegetal nas cicatrizes.

Já foram reflorestados 203 hectares em nove campanhas de semeadura já concluídas. A expectativa é que, até 2026, 60% da área afetada pelos deslizamentos esteja recoberta por vegetação nativa. A tecnologia é inovadora, 100% brasileira e promove o reaproveitamento de recursos.

Tecnologia

As biocápsulas foram desenvolvidas pela Ambipar, multinacional brasileira que atua na área de gestão ambiental, utilizando sobras de colágeno que seriam descartadas por indústrias farmacêuticas e ecosolo, um condicionador de solo feito com resíduos orgânicos provenientes das indústrias de celulose. O adubo orgânico utilizado tem alta concentração de matéria orgânica funcional, derivado de resíduos de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) do processo produtivo da indústria de celulose e sobras de biomassa.

Essa inovação contribui para o sucesso da regeneração da vegetação, garantindo que as sementes tenham maior chance de brotar e se estabelecer na área afetada. O projeto Restaura Litoral Norte é realizado com o patrocínio da concessionária Tamoios, a Gerando Falcões e uma rede de patrocinadores privados, além do apoio do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), Fundação Florestal e Prefeitura de São Sebastião.

O IPA oferece suporte técnico para a restauração das áreas impactadas pelos escorregamentos. O Atlas de Risco, desenvolvido pelo IPA, reúne informações detalhadas sobre os riscos geodinâmicos para a formulação de políticas públicas voltadas à gestão costeira.

O governo também tem incentivado a adoção de práticas sustentáveis na região, como a Terra Indígena Guarani do Ribeirão Silveira, com o programa Guardiões das Florestas, que incentiva a preservação ambiental e o fortalecimento da cultura indígena. O programa, que envolve o pagamento por serviços ambientais (PSA), capacita agentes ambientais indígenas para atuar na restauração florestal e monitoramento da biodiversidade.

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