Os bastidores no Parque São Jorge seguem quentes. Presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Jr. protocolou na noite da última terça (1°) a defesa diante do requerimento de afastamento no órgão, pedido que foi levado por Augusto Melo no fim de janeiro à Comissão de Ética e Disciplina do clube.
Na peça de defesa, a qual a ESPN teve acesso, o advogado de Tuma Jr. pede o indeferimento dos pedidos de afastamento liminar com base em três pilares.
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Incompetência da Comissão de Ética para promover o referido afastamento/suspensão;
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Ausência de previsão estatutária para o afastamento liminar/suspensão preventiva de membro do Conselho Deliberativo;
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Ausência de justa causa para o deferimento da medida;
O documento questiona ainda a posição de imparcialidade do presidente da Comissão de Ética e Disciplina, Roberson de Medeiros, também vice-presidente do Conselho Deliberativo, que é apontado como aliado político de Augusto Melo, e que assumiria condução do órgão em caso de afastamento de Romeu Tuma Jr. no cargo.
“O que parecem pretender os REQUERENTES é, por meio do abuso do poder de representação, a subversão da real função do instrumento (apurar infrações graves) e o seu consequente rebaixamento à mera ferramenta de manipulação político-eleitoral, o que deve ser de pronto rechaçado”, cita a defesa em relação ao que aponta ser a função de Tuma Jr. na presidência do Conselho Deliberativo.
Segundo apuração, o documento será analisado pelo relator do caso na Comissão de Ética e Disciplina.
Uma fonte ouvida pela ESPN, no entanto, indicou que “ninguém tem foro privilegiado”, e que “se alguém cometeu alguma infração, isso é passível de punição”. A tendência é de que uma nova reunião da Comissão seja convocada para debater o tema, o que dificilmente ocorrerá ainda nesta semana.
O pedido de afastamento de Romeu Tuma Jr. foi levado à Comissão de Ética no fim de janeiro, e é assinado pelo próprio presidente Augusto Melo, que alega falta de imparcialidade e neutralidade de Tuma na condução do processo de impedimento do presidente da diretoria.
Como a ESPN revelou, Augusto Melo e Romeu Tuma Jr. se distanciaram politicamente ainda em setembro de 2024, quando a chapa “União dos Vitalícios”, grupo ao qual o presidente do Conselho Deliberativo faz parte, ensaiava o desembarque da gestão.
Em meados de janeiro, ambos precisaram ser contidos durante discussão acalorada em meio à reunião que pretendia votar o processo de impeachment de Augusto Melo.
A votação preliminar a favor da admissibilidade do impeachment teve o ‘sim’ vencendo: 126 a 114. No entanto, por volta de 23h30, a reunião foi suspensa, com os conselheiros deixando o Parque São Jorge. Ainda não há uma data para que o encontro seja retomado.
Após a confirmação da suspensão, Augusto Melo deu uma forte declaração contra Romeu Tuma Jr.
“O que prejudica é ter um presidente do Conselho como o Tuma, completamente parcial e que está trabalhando para eles, advogando em causa própria. Não deixou a gente se defender, não deixou fazer nada, é um ditador. Está na hora de acabar. Corinthians está nessa situação porque tem um cara desse presidindo o conselho, não tem moral alguma para isso. Meus advogados vão cuidar disso”, disse Augusto.
“Ele vai marcar uma nova data, acharam melhor por segurança, muitas pessoas de idade. Essa política é muito suja, principalmente no conselho, alguns conselheiros. Enquanto eles não forem banidos, o Corinthians nunca vai sair disso. Com certeza a gente reverte, ele foi ditador em todos os sentidos. Confusão teve porque ele advogou por ele, comentou e julgou. Aí virou tumulto. Ele virou ditador. Não tem moral e competência para dirigir o conselho”.
Procurado pela reportagem, Tuma se manifestou sobre a formalização do requerimento para a destituição de Romeu Tuma Jr. na presidência do Conselho Deliberativo feito por Augusto Melo.
“Como tenho repetidamente afirmado, meu compromisso é unicamente com o Corinthians. Enquanto desempenhar a função de Presidente do Conselho seguirei sendo imparcial, defendendo única e exclusivamente os interesses do clube, seguindo rigorosamente seu estatuto. As críticas ou até mesmo acusações infundadas são esperadas e até naturais de quem se sente contrariado, já estou acostumado. Todas elas serão tratadas no momento oportuno e no foro adequado”.