O Manchester United enfrenta um dos momentos mais críticos de sua história recente. Muito mal na Premier League e eliminado de Copa da Inglaterra e Copa da Liga Inglesa, o clube faz um duelo contra a Real Sociedad, pelas oitavas de final da Europa League, que representa muito mais do que uma simples partida eliminatória: é a última chance de garantir uma vaga na próxima Champions League e evitar um rombo financeiro que pode ultrapassar os 100 milhões de libras (R$ 750 milhões).
Com uma temporada irregular na Premier League, em que ocupa apenas a 14ª posição, a única forma de o United disputar a próxima Champions é vencendo a Europa League. O técnico Ruben Amorim encara a competição como a última esperança para um clube que sofre dentro e fora de campo.
Se o United conquistar o torneio, seguirá o caminho trilhado por José Mourinho em 2017, garantindo sua classificação à Champions e os benefícios financeiros da competição. Se fracassar, a crise financeira do clube pode se agravar.
Apesar de figurar entre os clubes mais ricos do mundo, o Manchester United enfrenta sérios problemas financeiros. Em 2024, o clube teve uma receita de 636,95 milhões de libras (R$ 4,82 bilhões), mas registrou um prejuízo de 113 milhões de libras (R$ 855,5 milhões). A dívida total chegou a 515,7 milhões de libras (R$ 3,9 bilhões), enquanto os compromissos de pagamentos de transferências somam 414 milhões de libras (R$ 3,1 bilhões).
A situação financeira foi agravada pelas regras do Fair Play Financeiro da Premier League, que limita os prejuízos a 105 milhões de libras (R$ 794,9 milhões) em três anos. A margem de manobra do United já é mínima, forçando o clube a cortar custos de forma drástica. Cerca de 400 demissões estão previstas, os preços dos ingressos subirão e os funcionários perderam benefícios, como refeições gratuitas.
Participar da Champions significa um aumento considerável na arrecadação. Na temporada passada, o Atalanta embolsou 18,23 milhões de libras (R$ 138 milhões) ao vencer a Europa League, mas a partir dessa edição, houve um aumento nos prêmios, podendo chegar a 27,04 milhões de libras (R$ 204,71 milhões) para o campeão. Ainda assim, isso é muito menos do que a principal competição do continente pode oferecer.
Se o United disputar a Champions League, poderá arrecadar mais de 100 milhões de libras (R$ 757,08 milhões) apenas em premiações, sem contar bilheteria e patrocínios. O impacto é tão grande que o contrato de dez anos com a Adidas prevê uma redução de 10 milhões de libras (R$ 75,7 milhões) por temporada se o clube ficar fora da competição.
Venda de jogadores não resolve problema
O United precisa reduzir custos e levantar recursos, mas vender jogadores não é tão simples. Contratos de futebol não podem ser rescindidos unilateralmente, e muitos atletas estão supervalorizados no balanço do clube.
Jogadores como Casemiro, Mason Mount, Marcus Rashford e Antony (esses dois últimos emprestados) têm salários elevados e valores de mercado em queda. Para vendê-los sem prejuízo financeiro, o United precisaria receber quantias que os clubes compradores não estão dispostos a pagar.
Atletas formados na base, como Kobbie Mainoo e Alejandro Garnacho, são os mais valiosos financeiramente, pois qualquer venda representa lucro integral no balanço. Mas abrir mão desses jovens não é a solução ideal para um time em reconstrução.
Existe um atalho para sair dessa situação?
A forma mais rápida de o United recuperar parte da sua saúde financeira é vencer a Europa League e garantir a vaga na Champions League. No entanto, os problemas estruturais do clube vão além disso.
O United precisa reformar o Old Trafford ou construir um novo estádio, um projeto que pode custar mais de 1 bilhão de libras (R$ 7,57 bilhões). O elenco também precisa de uma reconstrução significativa, o que exige novos investimentos.
Enquanto Manchester City, Arsenal e Liverpool demonstram gestão financeira equilibrada, o United segue atolado em dívidas e com um elenco caro e pouco eficiente. A permanência da família Glazer no comando também é um fator de insatisfação entre os torcedores.
A crise do United é um reflexo de anos de gestão equivocada e investimentos mal planejados. O clube está em um ciclo perigoso, onde precisa de dinheiro para se reerguer, mas depende de resultados esportivos para obtê-lo.
A Europa League representa a última esperança nesta temporada. Uma eliminação não apenas frustraria os torcedores, mas também aprofundaria a crise financeira e tornaria a recuperação ainda mais complicada. A partida contra a Real Sociedad pode ser apenas um jogo, mas para o Manchester United, pode definir seu futuro.