O mundo terá 3,2 milhões de novos casos de câncer de mama com 1,1 milhão de mortes todos os anos até 2050, se não houver mais ação de prevenção e tratamento por parte dos governos em todo o globo.
A previsão é da Agência Internacional para Pesquisa de Câncer, Iarc na sigla em inglês.
Países com baixos níveis de desenvolvimento humano
Nesta segunda-feira, a entidade divulgou o mais novo relatório sobre o tema com um diagnóstico sombrio. Sem mudanças, a quantidade de casos deve subir 38% e o de mortes 68%.
A análise da agência foi publicada pela revista especializada, Nature Medicine, após estudar o tema em cerca de 50 países.
O levantamento inclui dados do Observatório Global de Câncer que mapeia a incidência da doença em cinco continentes com base no banco de dados da Organização Mundial da Saúde.
Uma em cada 20 mulheres em todo o globo será diagnosticada com câncer de mama até 2050 se os níveis atuais de prevenção e tratamento permanecerem.
Mulheres em tratamento para câncer de mama, no México.
Prevenção e tratamento salvam milhões de vidas
A situação vai afetar, de forma desproporcional, mais os países com um baixo Índice de Desenvolvimento Humano, IDH.
A cientista da Agência de Pesquisa Iarc, e uma das autoras do estudo, afirma que a cada minuto quatro mulheres recebem a notícia de que têm câncer de mama e uma morre da doença.
Para Joanne Kim, os países podem mitigar ou reverter essas tendências adotando prevenção primária com base nas recomendações da OMS para doenças crônicas.
Investir em detecção e tratamento precoces pode salvar a vida de milhões de pessoas nas próximas décadas.
Em todo o mundo, o câncer de mama é a forma mais comum da doença entre as mulheres e a segunda maior de todos os tipos de câncer no resto da população. A cada ano, são 2,3 milhões de novas notificações e 670 mil mortes.
Casos e mortes variam entre países e regiões
Mas os casos diferem de acordo com a região. Na Austrália e na Nova Zelândia, as taxas de casos eram mais elevadas com 100 casos para 100 mil mulheres.
América do Norte e norte da Europa aparecem em segundo lugar seguidos por África Central e leste da África.
Já a mortalidade por câncer de mama é maior na Melanésia com 27 mortes por 100 mil mulheres seguida por Polinésia, África Ocidental e Leste da África com 7 óbitos por 100 mil mulheres, assim como América Central e América do Norte.
Segundo a pesquisa, o padrão de altos níveis de mortes para baixos níveis de desenvolvimento se configura numa tendência.
Em países com altos níveis de IDH para cada 100 mulheres com câncer de mama, a média é de 17 mortes, já em países pobres, o número chega a 56.
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Instituto Nacional do Câncer/Bill Branson
Nas mulheres, o câncer de mama é o mais frequente e o mais diagnosticado.
Câncer é mais frequente em pessoas acima de 50 anos
Os casos de câncer de mama e mortes costumam ocorrer em pessoas com 50 anos ou mais.
Mas na África, por exemplo, 47% das notificações ocorrem em mulheres abaixo de 50 anos. Uma proporção muito mais alta que na América do Norte (18%), Europa (19%) e Oceania (22%).
Os pesquisadores do estudo descobriram que em mais de 10 anos de dados (2008-2017), o câncer de mama aumentou de 1% a 5% por ano em 27 dos 50 países e a maioria deles em nações com altos índices de desenvolvimento humano.
Meta global é reduzir taxa de mortalidade para 2,5%
Já a mortalidade baixou em 29 dos 46 países pesquisados com IDH alto.
E apenas sete dessas nações como Bélgica e Dinamarca alcançaram o objetivo da Iniciativa Global da OMS sobre Câncer de Mama para reduzir as taxas de mortalidade para 2,5% por ano.
A vice-diretora da Seção de Vigilância do Câncer na Iarc, Isabelle Soerjomataram, afirma que o estudo evidencia a necessidade urgente para dados de alta qualidade sobre a doença em países com IDH baixo e médio.
Ela ressalta que os avanços precisam seguir para diminuir a brecha global de câncer de mama e reduzir o sofrimento e morte em todos os países.