Data e Hora

Camisa de futebol dá samba? Mocidade lucra com febre e lança 2ª versão

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Uma das escolas mais tradicionais do Carnaval carioca, a Mocidade Independente de Padre Miguel nasceu do futebol, mais precisamente do Independente Futebol Clube, na década de 50.

E é justamente no reencontro com sua origem que a agremiação, literalmente, deu uma nova roupagem aos seus integrantes e adeptos, num sucesso que furou a bolha do samba e foi parar no mundo da moda.

VIROU MODA

Foi em 2024 que a volta às origens começou a virar moda. Numa ação pioneira, a Mocidade firmou uma parceria com a Kappa -tradicional fornecedora italiana de material esportivo- para confeccionar um vestuário “boleiro”, nos moldes das camisas de time. A inspiração, claro, foi seu passado no futebol, num modelo verde e branco em listras.

O sucesso do lançamento foi tão grande que a primeira remessa se esgotou em apenas 72 horas. Depois o estoque foi regularizado e as peças atingiram públicos até mesmo de quem não é familiarizado com o samba.

“É surpreendente porque vemos torcedores de outras escolas usando os produtos e conseguimos atingir um público que não era do Carnaval.Hoje, colecionadores de camisas de futebol e um público feminino muito forte também têm sido bastante frequentes como consumidores da nossa camisa. É gratificante demais rodar festivais de música como Rock in Rio, Rock the Mountain, eventos da cidade como um todo, e sempre ver alguém com a camisa da Mocidade”, afirma Bryan Clem, diretor de marketing da Mocidade e sócio da agência “Twelve”.

Mesmo fora de seu habitat natural, a Kappa não teve receio em embarcar no projeto. A empresa italiana acredita que uma nova história está sendo escrita com a outra paixão popular do país.

“A Kappa tem como seu lema global a frase ‘people on the move’ (pessoas em movimento). Nada representa mais essa frase do que o samba. É indescritível o orgulho que temos em poder vestir mais uma das paixões dos brasileiros: juntar a cultura do Brasil com o design italiano. Temos muito orgulho de vestir a Mocidade Independente de Padre Miguel, a maior escola de samba do Brasil. Que essa parceria seja duradoura e cheia de ginga”, diz Caio Campos, diretor da Kappa Brasil.

CAMISA II É LANÇADA ÀS VÉSPERAS DO CARNAVAL 2025

Na última segunda-feira (24) a Mocidade lançou seu modelo II, com predominância na cor branca e detalhes em dourado e verde. Na altura da nuca, uma frase simboliza suas origens: “Comecei no futebol”.

“Depois do sucesso, a gente precisava lançar a camisa II. E nada melhor que essa véspera do Carnaval para reforçar a mensagem. Para essa campanha, falaremos muito do orgulho em ser um ‘clássico sambista’, onde o luxo está em ser apaixonado pelo Carnaval e nada mais importa. Vai ser mais uma camisa para ser usada em todas as ocasiões”, diz Bryan à reportagem.

Tanto o modelo de 2024 quanto o de 2025 custam R$ 269 no site oficial da boutique da escola. Além destas duas peças, encontram-se ainda mais 11 produtos fabricados pela Kappa entre camisas, regatas, bermudas e shorts.

COMO TUDO COMEÇOU

Tudo começou em 1952 com o Independente Futebol Clube, time fundado para disputar torneios de várzea pela Zona Oeste do Rio de Janeiro. A equipe estava longe de ser uma potência, mas esbanjava carisma após as partidas ao confraternizar com rodas de samba no Ponto Chic, tradicional polo gastronômico e cultural do bairro de Padre Miguel.

E foi a cadência dos batuques destes encontros que levou ao caminho natural de se fundar um bloco carnavalesco em 1955. No ano seguinte, iniciou suas disputas nas divisões inferiores até que em 1958 subiu para o Grupo Especial. Era o início da trajetória de uma das maiores escolas de samba da história e que jamais foi rebaixada.

CASTOR DE ANDRADE TAMBÉM UNIU FUTEBOL E SAMBA

Um dos contraventores mais lendários do Rio de Janeiro, o falecido Castor de Andrade também uniu samba e futebol na Mocidade entre as décadas de 70 e 80, quando se tornou tanto patrono da escola quanto presidente do Bangu, levando o clube da Zona Oeste ao vice-campeonato brasileiro de 1985 com a alcunha de “Esquadrão da Malandragem”.

Coincidentemente -e também por intermediação da agência Twelve- o Bangu passou a vestir Kappa a partir de 2024, mantendo o laço afetivo entre a agremiação e o clube, que são da mesma região. O Alvirrubro, porém, não teve um bom desempenho no Campeonato Carioca de 2025 e foi rebaixado após ficar na última colocação da Taça Guanabara.

VÔ MACUMBA É A LENDA VIVA DO INDEPENDENTE FUTEBOL CLUBE

Wandyr Trindade – mais conhecido como “Vô Macumba” – é a única lenda viva do Independente Futebol Clube, que nesta quarta-feira (26) não existe mais como time de futebol. Ele foi cofundador junto com Ivo Lavadeira.

Para muitos, Vô Macumba era o craque da equipe. O apelido, inclusive, veio justamente de seu talento com a bola misturado com suas crenças religiosas. Quem o viu, garante que ele “fazia magias” em campo.

Na época, tinha como treinador o saudoso José Pereira da Silva, apelidado pelos amigos de “André do Sapato Branco”, fruto de um programa de TV da época.

A “carreira” como técnico não deu muito certo porque o destino lhe reservaria um lugar muito mais nobre na história: o de ser um dos maiores diretores de bateria de todos os tempos, tornando-se o lendário “Mestre André”, criador, por exemplo, da famosa “paradinha” dos ritmistas na Sapucaí.

Já Vô Macumba também seguiu seu caminho na escola tornando-se, posteriormente, presidente da Mocidade. nesta quarta-feira (26) em dia ele faz parte da velha guarda, sempre com muita história para contar.

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA SE PREPARAM NO FLU

Além das camisas feitas pela Kappa, a Mocidade também mantém um laço atual com o futebol na preparação física e fisioterapia de seus mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos.

Desde novembro a dupla utiliza as instalações da sede de Laranjeiras, do Fluminense, acompanhada por profissionais do departamento olímpico do clube. O Salão Nobre também tem servido para os ensaios das coreografias.

Essa parceria entre um clube e uma escola de samba é inédita no Carnaval e nos deixa com muitas expectativas, afinal nos acrescenta muita coisa boa, com o desenvolvimento de nosso corpo junto à fisioterapia e musculação. Eu, como tricolor, fico ainda mais feliz e com o sentimento de estar em casa.Diogo Jesus, mestre-sala da Mocidade, ao site oficial do Flu

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