Após dois anos de retração, as exportações brasileiras de mel voltaram a registrar crescimento em 2025. O Brasil embarcou cerca de 8 mil toneladas de mel entre janeiro e março, superando as 7,3 mil toneladas registradas no mesmo período do ano passado — mesmo com o mês de março ainda em andamento.
Os dados foram apresentados pelo diretor de Conteúdo do Canal Rural Sul, Giovani Ferreira, durante o quadro Agroexport no telejornal Mercado & Cia., com base nas informações da sistema Comex Stat, plataforma do governo que traz estatísticas do comércio exterior brasileiro de bens.
A receita cambial também subiu significativamente, passando de US$ 18,4 milhões em 2024 para mais de US$ 25 milhões em 2025 no acumulado do primeiro trimestre.
“É um ganho expressivo, uma retomada importante para uma cadeia que tem alto valor agregado e forte base na agricultura familiar”, destacou Ferreira.
Recuperação após queda
O movimento marca uma recuperação relevante para o setor. Em 2021, o Brasil chegou a exportar quase 14 mil toneladas de mel no primeiro trimestre, encerrando o ano com mais de 40 mil toneladas embarcadas. Nos dois anos seguintes, no entanto, os volumes caíram — em 2023, o primeiro trimestre fechou com apenas 6,3 mil toneladas.
“O início de 2025 mostra um ritmo de recuperação consistente, e a expectativa é que o mês de março feche com cerca de 8,5 mil toneladas, consolidando a tendência de crescimento”, afirmou o jornalista.
Estados líderes e mercado externo para o mel
Minas Gerais lidera o ranking de principais estados exportadores de mel, seguido por Santa Catarina e Paraná. Ferreira destacou que a produção de mel é uma atividade com “papel fundamental para pequenos produtores e para o desenvolvimento da agricultura familiar”.
No cenário internacional, os Estados Unidos seguem como o principal destino do mel brasileiro, absorvendo mais da metade das exportações do país. “É importante lembrar que, em um momento de tensões comerciais globais e guerra tarifária, especialmente com os Estados Unidos, o mel se torna também um ativo diplomático nas negociações de comércio exterior”, comentou.
Além dos EUA, Canadá, Alemanha e Holanda estão entre os maiores compradores do mel brasileiro. O produto tem se destacado por seu alto valor agregado, gerando boa remuneração em dólares por tonelada no comércio internacional.
Perspectivas para o setor
Com a combinação de aumento no volume exportado e valorização da tonelada no mercado internacional, o setor apícola brasileiro projeta bons resultados para 2025. A retomada das exportações também reforça a relevância da diversificação da pauta agroexportadora, indo além de produtos tradicionais como soja e carne.
“Estamos falando de um produto diferenciado, de alto valor, que representa oportunidades reais para pequenos e médios produtores. É o Brasil mostrando sua força também nas cadeias produtivas menos tradicionais, mas que têm enorme potencial”, afirma Ferreira.