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Bolsonaro fala de possíveis candidatos ao Senado em 2026

Alinhado à estratégia da oposição de conquistar a maioria das 81 cadeiras do Senado nas eleições de 2026, Jair Bolsonaro (PL) já começou a listar nomes de aliados que podem receber seu apoio nas disputas para senador em pelo menos dez estados. As referências, feitas na entrevista para o jornalista Léo Dias no começo da semana, mexeram com os cenários políticos dos estados.

A lista demonstrou as preferências do ex-presidente e enfatizou dificuldades que o seu partido deve enfrentar em alguns estados. “Tem estados que você tem dificuldade porque tem bons nomes. Outros não tem. Em Minas Gerais, nós não temos nomes. Gostaria que o Paulo Guedes aceitasse ser senador por Minas Gerais, estamos tentando”, afirmou o ex-presidente, em entrevista ao Leo Dias TV.

No caso do Rio Grande do Sul, Bolsonaro chegou a mencionar três possíveis candidatos: os deputados Luciano Zucco, Giovani Cherini e Sanderson.

Para Santa Catarina, Bolsonaro citou os nomes das deputadas Caroline De Toni, que presidiu a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara no ano passado, e Júlia Zanatta. Ele, porém, ressalvou que há outros bons nomes no estado, deixando a porta aberta para apoio a outros partidos.

Nos demais estados, Bolsonaro listou os seguintes nomes:

  • São Paulo: deputado federal Eduardo Bolsonaro e o secretário de segurança de SP, Capitão Derrite;
  • Rio de Janeiro: senador Flávio Bolsonaro;
  • Rondônia: senador Marcos Rogério, que é mencionado como candidato à reeleição ou ao governo, e o pecuarista Bruno Scheid;
  • Ceará: Bolsonaro disse que “a garotada muito boa não tem idade”, mas que um deputado estadual deve ser indicado, sem mencionar seu nome. Há três deputados estaduais atualmente eleitos pelo PL no estado: Alcides Fernandes (pai do deputado federal André Fernandes), Carmelo Neto e Dra. Silvana;
  • Amazonas: deputado federal Capitão Alberto Neto;
  • Rio Grande do Norte: senador Rogério Marinho ou quem ele indicar;
  • Sergipe: deputado federal Rodrigo Valadares (atualmente filiado ao União Brasil, mas que negocia sua filiação ao PL).

Há ainda nomes não mencionados por Bolsonaro que já estão postos há algum tempo. No Distrito Federal, por exemplo, uma das vagas para concorrer ao Senado deve ficar com a deputada federal Bia Kicis. Cogita-se ainda o nome da esposa de Bolsonaro, Michelle Bolsonaro.

Os possíveis candidatos ao Senado replicaram trechos do vídeo e marcaram posição, se mostrando honrados com a menção. Na avaliação de analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, a antecipação dos nomes é parte da estratégia de Bolsonaro.

“Por via de regra, a antecipação de um nome para uma disputa eleitoral – mesmo que não se trate de um lançamento oficial de uma pré-candidatura – é feita para marcar posição no tabuleiro da disputa”, avalia o estrategista eleitoral Gilmar Arruda.

Ao mencionar nomes de aliados a um ano e três meses do início do calendário eleitoral de 2026, Bolsonaro passa a fortalecer suas preferências. “É o famoso perto que ainda está longe”, comenta o cientista político e professor de Relações Internacionais do IBMEC-BH,  Adriano Cerqueira, ao falar sobre a antecipação de Bolsonaro ao listar apoios para as eleições ao Senado em outubro de 2026.

O foco no Senado tem uma razão. Em 2026, haverá a renovação de dois terços da Casa. Ou seja, haverá a eleição de 54 senadores, sendo que cada eleitor poderá escolher dois nomes para representar o seu estado. Na eleição de 2022, das 27 cadeiras em disputa, oito foram ocupadas por senadores do PL. Assim, somando senadores do partido que já estavam no mandato, a bancada atual do PL é composta por 13 senadores. Diferentemente dos demais cargos, senadores são eleitos para mandatos de oito anos.

Panorama em 2022 anima postulantes ao Senado em 2026 

Em 2022, o apoio de Bolsonaro ajudou a eleger senadores como o ex-astronauta e ex-ministro Marcos Pontes (PL-SP) e Jorge Seif (PL-SC), que nunca haviam concorrido a outro cargo eletivo. Seif, por exemplo, concorreu contra nomes fortes em Santa Catarina como o do ex-governador do estado Raimundo Colombo (PSD), do ex-senador Dario Berger (PSB) e do ex-deputado Celso Maldaner (MDB).

Apesar de não fazer parte do PL, o senador Hamilton Mourão (Republicanos) também assumiu uma vaga pelo Rio Grande do Sul na cota dos aliados de Bolsonaro, já que foi seu vice-presidente. Da mesma forma, a colega de partido de Mourão e ex-ministra de Bolsonaro, Damares Alves assumiu a vaga para representar o Distrito Federal. Outra ex-ministra de Bolsonaro, Tereza Cristina (PP-MS) também conquistou uma vaga no Senado em 2022. 

As indicações de apoio foram feitas por Bolsonaro após o jornalista Léo Dias comentar que o ex-presidente sempre teve cautela em apoiar pessoas, evitando falar em nomes.

“Ao indicar a sua preferência por determinados possíveis candidatos, [Bolsonaro] ajuda a fortalecer estes nomes e a enfraquecer outras pretensas candidaturas dentro do próprio partido”, reforça o estrategista eleitoral Gilmar Arruda.

Dentre os mencionados por Bolsonaro, o Capitão Alberto Neto (PL-AM) foi um dos que confirmou estar à disposição do partido para o projeto das eleições de 2026.

“O presidente Bolsonaro está escolhendo candidatos que tenham coragem para lutar contra esse sistema que está aí. Tenho a confiança do nosso líder, a confiança do partido e agora tenho que fazer a minha parte para que essa candidatura seja viável, e possa garantir que a gente saia vitorioso nas próximas eleições na presidência e no Senado Federal”, declarou o deputado Alberto Neto.

Sinalizações de apoio de Bolsonaro ocorrem em meio à crise no governo Lula 

A lista de Bolsonaro foi apresentada em meio a uma crise de popularidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com inflação em alta, uma reforma ministerial em andamento e problemas com o orçamento, Lula está pressionado por aliados, visando as eleições de 2026.

O cientista político Adriano Cerqueira observa que o cenário de intensas movimentações do Centrão. “Houve uma espécie de ultimato dos líderes dos partidos de centro, que ainda estão apoiando Lula. O governo deve ter no máximo 45 dias para melhorar as suas perspectivas em termos de aprovação da opinião pública, porque se não eles vão ter que sair”, opina Cerqueira.

Para ele, além do PL, o Partido Progressistas, o Republicanos e o União Brasil são os partidos que devem dar o tom das disputas para governos estaduais e a presidência da República.

Esquerda tenta barrar estratégia de Bolsonaro para eleger mais senadores em 2026 

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP) apresentou um projeto de lei (PL) para tentar mudar as regras nas eleições no Senado. Pela proposta, os senadores seriam eleitos por um sistema de voto único intransferível, em vez de um voto em bloco individual, em que o eleitor dispõe de dois votos para prover duas vagas, como acontece hoje nas eleições para o Senado a cada oito anos.  

Isso significa que em eleições como a de 2026, quando os eleitores escolhem dois senadores, em vez de votar em dois nomes diferentes, votariam apenas em um. Os dois candidatos mais votados, então, assumiriam as cadeiras.

A proposta acabou sendo retirada de tramitação pelo próprio Randolfe em menos de uma semana. No entanto, nada impede que haja novas tentativas de mudar as regras do jogo neste sentido. Há, inclusive, a possibilidade de que o tema seja discutido em conjunto com a proposta de reforma eleitoral (PLP 112/2021), em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, sob a relatoria do senador Marcelo Castro (MDB-PI).

República

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