O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retomou as críticas às big techs nesta segunda (24) de que elas “não são enviadas de Deus” e que amplificam um discurso que seria de “populismo digital extremista”.
As críticas ocorrem em meio a um processo que responde nos Estados Unidos de autoria da plataforma Rumble e da Trump Media por suposta censura a usuários e conteúdos.
“As big techs não são enviadas de Deus, como alguns querem. Elas não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial ignorando fronteiras, a soberania, a soberania nacional de cada país, legislações, para terem poder e lucro”, disparou durante discurso a alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Moraes ainda comparou as redes sociais a supostos instrumentos de manipulação e associou sua influência ao que seria um crescimento do fascismo em diversos países. Segundo ele, a alegada extrema direita tem usado essas plataformas para atacar pilares democráticos, como a liberdade de imprensa, a realização de eleições periódicas e a independência do Judiciário.
“Estamos começando a entender como se deu esse processo de transformar as redes sociais em instrumentos de uma ideologia nefasta, o fascismo, disseminando discursos de ódio, misoginia, homofobia e até ideias nazistas”, declarou.
O ministro também descreveu o que chamou de “modus operandi” do populismo digital extremista, de que se dizem a favor da democracia, mas que “ela tem fraudes, que só vale se vencerem”.
“Se eu perder, não vale. Só tem democracia se eu ganhar. E para poder fortalecer a democracia, eu tenho que tomar o poder. Esse é o discurso”, disse.
Moraes argumentou que as big techs souberam captar e amplificar o que seriam sentimentos de revolta de uma camada da população que ele classificou como de “homens brancos heterossexuais de meia-idade que se sentiram ameaçados pelas mudanças sociais e econômicas”.
Para o magistrado, as big techs e o que ele chama de grupos extremistas passaram a explorar as crises econômicas dos últimos 40 anos, fazendo crescer a insatisfação com a democracia pelo mundo.