Na categoria “Aquicultura Marinha” do Prêmio Mulheres das Águas, a aquicultora Aparecida Rosa Ayres é referência no cultivo de algas nas praias de São Gonçalo e São Gonçalinho, em Paraty (RJ) . Com as algas, Aparecida promove uma economia solidária em sua região, integrando o turismo consciente e educativo à gastronomia sustentável, enriquecendo a saúde de sua comunidade de forma inovadora.
“Aprendi a respeitar, cuidar e viver em harmonia com o oceano. Meu trabalho não é só sobre cultivar algas, mas também sobre fomentar a economia local de forma mais justa e inclusiva, principalmente para as pescadoras e pescadores artesanais, que enfrentam as consequências severas das mudanças climáticas e da pesca predatória”, conta a profissional.
Por meio da algicultura (cultivo de algas), Aparecida desenvolveu o projeto Algas na Mesa Paraty, que une tradição, inovação e mulheres na gastronomia, preservando as tradições caiçaras de sua região e colocando as algas no prato. Assim, com carinho e dedicação, ela transforma saberes ancestrais em soluções contemporâneas sustentáveis.
As mulheres do Algas na Mesa trabalham com receitas que combinam criatividade, sabor e respeito ao meio ambiente . Atualmente, o projeto é referência internacional de gastronomia sustentável. No centro das inovações estão criações como o “TempurAlgas” (tempurá de algas) e iguarias como a linguiça de siri e camarão enriquecidos com macroalgas. As receitas vão além do sabor, sendo cuidadosamente pensadas para promover práticas de desperdício zero e valorizar ingredientes regionais. Do pão ao vinagrete à base de algas, são produtos que simbolizam a versatilidade e o impacto ambiental positivo do projeto.
- Aparecida Rosa Ayres com as Algas na Mesa
“Empoderar mulheres e meninas na aquicultura marinha é uma luta diária, mas acredito no poder transformador da união feminina e na criação de oportunidades reais. A sociedade e o meio ambiente podem e devem caminhar lado a lado, preservando nossas raízes e fortalecendo a economia local”, diz a ganhadora do prêmio.
Além de gerar oportunidades de trabalho para as mulheres da região, esse projeto também desenvolve atividades educativas sobre algicultura, realizadas para estudantes de escolas de Paraty e outros estados, promovendo o conhecimento sobre a sustentabilidade e o potencial econômico das algas marinhas. O Algas também promove colaborações com pescadores, agricultores e outros trabalhadores locais, fortalecendo a economia regional e criando uma rede de apoio mútuo.
“Em tempos que tanto se fala sobre transformação, essas mulheres nos lembram que as verdadeiras revoluções começam com pequenos gestos no coração de uma comunidade. E que, como as ondas do mar, essas ações têm o poder de alcançar lugares muito além de onde começaram, deixando um legado que ecoa por gerações”, observa Aparecida Rosa Ayres.