Os países árabes rejeitaram categoricamente a proposta de Donald Trump para a reconstrução da Faixa de Gaza. Nesta quarta-feira (12), o Egito anunciou que tem um plano alternativo para o futuro do enclave que não envolve a realocação de sua população de cerca de dois milhões de pessoas.
Em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, acessado pela Agência EFE, o país disse que “tem a intenção de apresentar uma visão abrangente para a reconstrução da Faixa de Gaza, de uma forma que garanta a sobrevivência do povo palestino em sua terra e de uma maneira compatível com os direitos legítimos e legais deste povo”.
O rei da Jordânia, Abdullah II, que esteve na Casa Branca nesta terça-feira para um encontro com Trump, evitou comentar sua posição sobre o plano do mandatário americano, dizendo que prefere esperar que o Egito anunciasse seus planos para o futuro de Gaza.
A Liga Árabe, composta por 22 membros, também rejeitou categoricamente o plano de Trump, insistindo na necessidade de implementar a solução de dois Estados.
A chancelaria egípcia pontuou, no entanto, que espera cooperar com o governo do presidente Trump para alcançar uma “paz abrangente” por meio de uma “solução justa para a causa palestina que respeite os direitos dos povos da região”.
O Egito foi o primeiro país árabe a assinar a paz com Israel em 1979, seguido por Jordânia em 1994.
No próximo dia 27, haverá uma cúpula extraordinária dos membros da Liga Árabe para discutir a questão, bem como um encontro ministerial dos 57 países da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) para o mesmo propósito.
Trump disse nesta semana que “leva muito a sério” seu projeto para a Faixa de Gaza, de tornar o enclave a “Riviera do Oriente Médio”. Ele apresentou um plano para que os Estados Unidos assumam e reconstruam Gaza como um projeto imobiliário, proposta que envolve a saíde de moradores de Gaza para o Egito e Jordânia, o que gerou alarme no mundo árabe, dizendo que isso significaria a “liquidação da causa palestina” e “perturbaria a segurança e a paz no Oriente Médio”.
Nesta terça-feira, Trump endureceu sua posição sobre a Faixa de Gaza ao dizer que seu país controlaria o enclave palestino e que seus habitantes seriam transferidos para “lotes” de terra na Jordânia e no Egito.
“Vamos tê-lo, vamos mantê-lo e vamos nos certificar de que haja paz, que não haja problemas, que ninguém o questione e que vamos administrá-lo adequadamente”, disse Trump aos repórteres na Casa Branca no início da reunião com o rei Abdullah II da Jordânia.
Trump insistiu em seu plano de promover “desenvolvimento econômico em grande escala” em Gaza, com a construção de “muitas coisas boas, incluindo hotéis, prédios de escritórios, moradias e outras coisas”.
Enquanto isso, o rei Abdullah II anunciou que a Jordânia acolherá 2.000 menores doentes da Faixa de Gaza, após a pressão do presidente dos EUA para que a nação árabe receba refugiados palestinos.