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Terça-Feira, 01/Abril/2025

Andrey Santos jogou futebol para emagrecer e teve Vasco como pilar em infância difícil

Ser jogador de futebol é um sonho quase que comum entre os jovens de comunidades. Mas para isso, na grande maioria das vezes, é preciso superar barreiras – algumas até mais próximas do que se imagina.

Nascido na Vila Aliança, comunidade no bairro de Bangu, no subúrbio do Rio de Janeiro, Andrey Santos é mais um jovem sonhador. E apesar da infância difícil, em que precisou se desvencilhar das “más influências”, cumpriu o sonho de se tornar profissional, tendo a família como pilar.

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Hoje, prestes a completar 21 anos, o volante se orgulha de onde veio e segue em busca de novos objetivos.

“A minha infância foi um pouco difícil, não diferente de muitos jogadores que vêm de comunidade, ainda mais da Vila Aliança. Todos nós sabemos que é um pouco difícil quando saímos de comunidade, as coisas que nos cercam, mas fico feliz por ter chegado e ter bastante gente de comunidade jogando futebol, para mostrar a todo mundo que não tem só coisa ruim na comunidade”, disse, em entrevista à ESPN.

O início no futebol foi no Bangu, clube tradicional do subúrbio carioca. No caso de Andrey, foi a união do útil ao agradável. Enquanto praticava a atividade que mais gosta, ainda conseguia manter a forma física, por conta do seu biótipo.

“Eu sempre quis ser jogador. A minha mãe me conta – eu não me lembro – que desde pequeno eu nunca gostei de carrinho, de brinquedo, sempre foi bola. Era o tempo todo. O meu pai me levava para soltar pipa, andar de bicicleta e levava uma bola. E eu só queria jogar bola (risos). Ele às vezes ficava p*** da vida porque queria soltar pipa, eu falava ‘não, só quero jogar bola’. Deu certo”, contou.

“Comecei no Bangu muito novo, no início foi para emagrecer, porque eu era bastante ‘gordinho’, começou mais como uma brincadeira e depois foi se intensificando esse meu sonho. Agradeço muito a Deus e aos meus pais, e também têm bastante gente que acreditou”.

‘Sou muito grato ao clube que me formou’

Depois de frequentar a base do Alvirrubro, o meio-campista foi para o Vasco quando tinha sete anos, em 2011. E assim como Philippe Coutinho, Douglas Luiz e Alex Teixeira, foi mais um jovem também formado como “cidadão” no Colégio Vasco da Gama, a escola do Cruzmaltino que funciona dentro do Complexo de São Januário.

“Terminei a base toda no Vasco, estudei lá, sou muito grato ao clube que me formou, me deu alimentação, me deu estudo, me formou como homem também”, disse.

Foi com a camisa do Gigante da Colina que Andrey fez a sua estreia como profissional, em 2021, em partida contra o Volta Redonda, pelo Campeonato Carioca. E, no ano seguinte, ainda ajudou o clube a voltar à elite do Campeonato Brasileiro, ano em que roubou os holofotes por conta do seu desempenho em campo, com oito gols marcados, apesar da ser meio-campista.

“Sou eternamente grato e pude fazer a minha estreia como profissional lá e ajudar o Vasco a subir à Série A. E depois segui o meu caminho”.

E o seu estilo de jogo, ofensivo para um jogador de sua posição, tem uma inspiração: Paulinho, campeão da CONMEBOL Libertadores e do Mundial de Clubes com o Corinthians. Segundo Andrey, o veterano já era um chamado “box-to-box“, antes mesmo de a gíria inglesa se popularizar no futebol e no Brasil.

“É difícil explicar, já é uma coisa que já vem de mim desde a base eu chegar na área para fazer gols. Eu sempre gostei de fazer gols, prefiro do que dar assistência (risos). Quando eu era pequeno, assistia a bastante jogos – ainda assisto – e o meu pai sempre me dizia muito para acompanhar o Paulinho. Ele falava que me via como o Paulinho, ele era muito agressivo, era um box-to-box, mas na época não se falava tanto nisso. Ele chegava bastante para deixar os gols dele. Depois que o meu pai falou, comecei a observar mais, e ainda na base mesmo eu pude adotar essa minha qualidade de poder pisar na área para deixar os meus gols”.

“Nunca tive essa oportunidade (de falar isso para o Paulinho), mas acho que eu ficaria tímido de falar (risos)”, revelou.

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Andrey Santos revela como Paulinho, ídolo do Corinthians, inspirou o seu estilo de jogo: ‘Meu pai sempre me dizia para acompanhá-lo’

O jogador do Strasbourg falou em entrevista exclusiva à ESPN

‘A gente precisa passar pelo processo para amadurecer’

Logo após conquistar o acesso com o Vasco, Andrey foi negociado com o Chelsea no princípio de 2023 por 18 milhões de libras (R$ 114,04 milhões na cotação da época).

Em um primeiro momento, por questões burocráticas, o brasileiro não tinha condições legais de ser inscrito pelos Blues para jogar na Premier League. Por conta disso, foi emprestado por um curto período ao próprio Vasco, antes de retornar ao Stamford Bridge.

Andrey acabou não permanecendo no clube londrino para a temporada 2023/24, mas já com condições de atuar na Inglaterra, foi emprestado novamente, desta vez para o Nottingham Forest. E por lá passou momentos difíceis.

“Eu não entendia porque (não jogava), estava treinando bem, me destacava nos treinamentos. O treinador (Steve Cooper) até conversou comigo e falou para eu continuar assim. Mas teve uma época que ele chegou e falou que eu não poderia jogar porque eu estava emprestado. Eu conversei com a minha esposa, foi um momento muito difícil, mas amadureci muito”.

“Foi um processo muito doloroso em seis meses, mas tem vezes que a gente precisa passar por esse processo para poder amadurecer, acordar um pouco. Foi um processo normal, no qual todo garoto que vem do Brasil, chega na Europa com 18 anos, principalmente na Inglaterra, que o futebol é mais difícil, passa por isso. Você precisa ter resiliência e maturidade para poder encarar da melhor maneira possível”.

“Eu tinha uma noção de que seria difícil chegar na Europa, assim como foi com o Vini (Jr.), com o Rodrygo, que não chegaram jogando de imediato. Como foi com o Savinho (do Manchester City) também, que passou no PSV. A todo o momento eu conversava com o Sávio, que eu sou muito próximo. Ele falou ‘irmão, já passei por isso. O mais importante é você ter resiliência e poder trabalhar’. Eu fico feliz de ter conseguido dar a volta por cima. Mês passado eu mandei mensagem para o Luís Guilherme, que era do Palmeiras e está West Ham, que está passando a mesma situação que eu passei. Eu falei para ele continuar trabalhando, para quando a oportunidade chegar ele estar pronto”.

‘O segredo foi o estafe que montei’

Logo após o “pesadelo” vivido no Forest, Andrey ganhou uma nova oportunidade no futebol europeu e foi emprestado ao Strasbourg, clube francês que também pertence ao grupo que comanda o Chelsea.

Desde então, o brasileiro vive o melhor momento da carreira. Em 37 jogos, o camisa 8 soma 10 gols e duas assistências pelos Les Bleu et Blanc. O desempenho chamou novamente os holofotes da seleção brasileira principal, que Andrey defendeu em 2023. E o meio-campista foi um dos 52 nomes selecionados por Dorival Júnior para a pré-lista de convocados na última Data Fifa.

E um dos segredos para o desempenho em campo está nos bastidores. Andrey levou todo um estafe com ele para a França, que vai desde um fisioterapeuta a até mesmo um chef de cozinha.

“O segredo foi o estafe que eu montei, depois que eu montei o meu estafe para viver comigo, para poder desempenhar melhor, tudo mudou. Eu me sinto melhor, mais confiante para fazer o que eu mais amo que é jogar futebol. Depois que eu botei na minha cabeça que isso era importantíssimo, cuidar do meu corpo, da minha alimentação, do meu sono. Depois que eu mudei a minha mentalidade eu acho que eu evoluí bastante dentro do campo”, disse.

“Por enquanto eu só tenho duas pessoas (comigo), que são o fisioterapeuta e o chef (de cozinha), mas eu tenho o acompanhamento de um nutricionista. Depois que eles vieram para cá para ficarem perto de mim, acho que o meu desempenho subiu muito de uma tal maneira que, não somente nos jogos, mas nos treinamentos, após os jogos, me sinto cansado, mas não tanto como antes. Acho que esse foi o diferencial.”

E Andrey também já se sente um jogador “diferente” daquele que deixou o Brasil com 18 anos. O que também se traduz na maturidade e no entendimento de jogo.

“A maturidade e o entendimento do jogo (mudaram). Quando você chega do Brasil, é muito diferente, você acaba tomando um susto com a intensidade, com a força dos jogadores da Europa, com a inteligência deles. A qualidade do futebol brasileiro ainda é um pouco parecida, mas em nível de intensidade e força tem bastante diferença. Eu aprendi bastante sobre intensidade e força”, revelou.

Com contrato com o Chelsea até a metade de 2030, Andrey ainda tem futuro indefinido para a própria temporada. Mas como contou à ESPN, o martelo só será batido ao final da atual campanha com o Strasbourg.

www.espn.com.br – FUTEBOL

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