Localizada na região metropolitana de Manaus, a Aldeia Inhaã-bé, no Tarumã-Açu, tem sido utilizada como set de filmagens para produções nacionais e internacionais e recebido oficinas de cinema. No sábado (1/2) começou um novo capítulo na história da relação dos indígenas que vivem ali com a sétima arte. A partir desta data o local passou a contar com uma sala de exibição, o Cine Aldeia. “Toda vez que produções eram gravadas na aldeia, nós éramos cenário. Daí nasceu o desejo de sermos protagonistas da nossa história. Por meio do audiovisual e do cinema nós iremos contá-la”, explica a produtora indígena Thaís Kokama, que movida pelo interesse na área cursou Rádio e TV.
Um dos primeiros cinemas em aldeias indígenas no País e pioneiro na região Norte, o projeto Cine Aldeia foi financiado com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), via edital da Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura).
Foto: Tácio Melo
Thaís salienta a importância da iniciativa para a inserção dos povos indígenas no setor audiovisual. O montante de R$ 100 mil foi utilizado para a construção do espaço e compra de equipamentos para exibições de filmes, mostras, festivais e iniciativas voltadas para a produção audiovisual.
A sala, com capacidade para cerca de 200 pessoas, irá exibir produções feitas por indígenas. Na inauguração houve a apresentação do documentário Traços da Resistência, dirigido e produzido por Thaís, e de oito curtas-metragens, que ficarão em cartaz no espaço nos primeiros meses deste ano.
Em mais um capítulo dessa história, no dia 2 de março a entrega do Oscar será transmitida ao vivo no Cine Aldeia. Antes da cerimônia está programado um “ritual da vitória”, na torcida pela conquista do prêmio pelo filme Ainda Estou Aqui, indicado em três categorias (filme, atriz e filme internacional), na festa do cinema mundial. “É uma forma de celebrar o audiovisual brasileiro”, comenta Thaís.
Foto: Divulgação
Goiás
Em Anápolis, o antigo prédio onde já funcionaram o primeiro fórum da cidade e a prefeitura hoje abriga a primeira sala pública de cinema da cidade e do interior do estado de Goiás. O Cine Sibasolly, aberto em abril do ano passado, com recurso obtido via aprovação do projeto Cinema para Todos no edital municipal da Lei Paulo Gustavo, movimentou a vida cultural no município.
“A sala impactou o cotidiano das pessoas. Recebemos mostras nacionais e regionais, fizemos parcerias com cineastas da cidade e do estado. Para os cinéfilos é programação garantida toda semana, com exibições e bate papo após o filme. A sala também vem sendo usada por outras linguagens também, apresentações musicais, oficinas, palestras, encontros, reuniões. Foi um ganho cultural”, relata o produtor responsável pela idealização e execução do projeto, Luiz Fragelli, da Território Cultural sobre o espaço localizado na Galeria Sibasolly, no Centro Cultural Ulysses Guimarães, na região central do município.
O projeto nasceu durante reunião do setorial de audiovisual da cidade para discutir a aplicação dos recursos da LPG. “A Lei é a responsável pela existência e construção da sala, sem ela não existiria nem a proposta”, frisa o agente cultural.
O recurso de R$ 121 mil foi utilizado para a adequação do espaço, que conta com 55 lugares, construção da cabine de projeção e de som e de um mini palco.
Com sessões gratuitas, o cinema opera regularmente às terças feiras, cada semana com uma programação voltada a um segmento (clássicos, regional, local e nacional). Tem também parceria com a universidade local, com disponibilidade do espaço para exibições e mostras, e recebe alunos de escolas públicas para sessões, mediante agendamento.
“A sala fica no centro da cidade, então estamos revitalizando a região de alguma forma”, salienta Luiz.
Frequentadora do espaço, a psicóloga Ana Kelly Montalvão elogia a iniciativa. “Para os amantes do cinema, o Cine Sibassoly emergiu como um presente e um alívio em meio à carência cultural em Anápolis. A sala se tornou a estrela das minhas semanas, proporcionando a dose de arte e cultura que eu tanto necessitava. Desfrutar de filmes selecionados por um curador e aprofundar-me nas discussões sobre cada detalhe das produções é como descobrir um tesouro. Tudo isso gratuitamente”.
Foto: Julia Dorigon
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, após hiato de dez anos, um dos mais tradicionais projetos de cinema itinerante do país, o RodaCine, está de volta graças à Lei Paulo Gustavo (LPG). Desde a reestreia, em Jaguarão, na quinta-feira (30), o projeto já passou pelas cidades de São Lourenço do Sul (31), Pelotas (1) e Rio Grande (2). O roteiro ainda inclui Mostardas (07) e Tramandaí (14), todas no sul do estado.
Nestes municípios serão exibidos, em espaços públicos, curtas e longas-metragens e pilotos de séries gaúchas. A seleção inclui comédias, dramas, animações, infantis e documentários, em sessões com mediação de realizadores e agentes culturais.
“O retorno do Rodacine por meio do financiamento da LPG é um grande exemplo dos impactos positivos que as políticas públicas do Ministério da Cultura estão garantindo por todos os cantos do Brasil. Um projeto desta magnitude fortalece os arranjos produtivos locais, gera emprego e renda, promove a fruição das obras audiovisuais e aprofunda o propósito de garantir o direto à cultura para a população”, destaca a coordenadora do Escritório Estadual do MinC no Rio Grande do Sul, Mariana Martínez.
E acrescenta: “Neste terceiro ano de gestão, já observamos os frutos dos investimentos do Governo Federal na cultura. Somente nos municípios da região sul do estado, somando apenas a Lei Paulo Gustavo e os cinco anos de PNAB, o MinC investirá mais de R$ 37,7 milhões”.
Realização da Fundação de Cinema RS (Fundacine), a iniciativa é financiada com recursos da Lei Complementar nº 195/2022 (Lei Paulo Gustavo), por meio de edital estadual, do qual foram recebidos R$ 300 mil, e da Netflix Brasil.
Além dos filmes, também serão promovidas ações formativas, com palestras sobre temas vinculados ao ofício do audiovisual e políticas públicas, além de oficinas de introdução à linguagem audiovisual. Todas as atividades são gratuitas.
Em 2025, o RodaCine irá percorrer 20 municípios do interior do Rio Grande do Sul, exibindo exclusivamente produções gaúchas.
LPG
A Lei Paulo Gustavo representa o maior valor investido em cultura no país. O montante repassado pelo MinC foi de R$ 3,8 bilhões – com os rendimentos bancários chegou a R$ 4,1 bilhões. Estados, Distrito Federal e municípios utilizaram 95% dos recursos recebidos, o que corresponde a R$ 3,9 bilhões para a execução de ações e projetos culturais.