Data e Hora

A história do goleiro que viu filho torcer contra o próprio time por saudade

A Copa do Brasil é sempre uma competição recheada de grandes histórias. Nesta temporada, uma das melhores já aconteceu no confronto entre Concórdia-SC e Ponte Preta, na última quarta-feira (26), pela 1ª fase da competição.

Na ocasião, o pequeno time catarinense conseguiu um resultado histórico, eliminando os paulistas com uma vitória por 2 a 1, de virada, e avançando para a 2ª fase do torneio – de quebra, o placar garantiu um “PIX” de mais de R$ 1,5 milhão ao clube.

O grande destaque do Concórdia na partida foi o veterano goleiro Alexandre Villa, de 41 anos, que é um dos muitos “ciganos da bola” do futebol brasileiro, com passagem por mais de 20 clubes na carreira.

Ele defendeu um pênalti no 1º tempo e fez uma série de “milagres” na etapa complementar para garantir o triunfo do Concórdia, em uma atuação que entrou para o longo livro de história da Copa do Brasil.

Villa, obviamente, foi o escolhido para dar entrevista ao canal Sportv, que transmitiu o jogo, após a partida. Só que, quando muitos esperavam uma explosão de alegria, a conversa foi totalmente diferente.

Natural do interior de São Paulo, o arqueiro contou que seu filho, Vinícius, estava torcendo para a Ponte Preta, já que, com uma eliminação da Copa do Brasil, o atleta seria dispensado, já que o Concórdia ficaria sem calendário por não ter se classificado no Campeonato Catarinense.

“Eu quero aproveitar o momento para mandar um beijo para toda a minha família, minha esposa e para o meu filho Vini, de 6 anos, que torceu para a Ponte Preta, coitadinho, para o papai poder ir embora amanhã”, relatou Alexandre.

“Eu falei para ele: ‘Filho, você não sabe o quanto essa vitória é importante para o papai… Esse ‘bicho’ que vai entrar vai ajudar muito em casa, mas ele falou na inocência”, seguiu.

“Mandar um beijo não só para o Vinícius, mas também para a Melinda, casal de filhos, minha esposa e todos os meus amigos lá em Santa Rosa do Viterbo, que estavam torcendo por mim”, completou.

O relato extremamente sincero do goleiro chamou a atenção de muitos amantes de futebol do Brasil, expondo a dura realidade da maior parte dos jogadores do esporte no país.

“Ele estava contando os dias”

Nesta sexta-feira (28), a ESPN conversou com Alexandre Villa, que agora está na expectativa para o duelo da 2ª fase da Copa do Brasil, contra o Botafogo-PB, em 4 de março.

Aliviado pela classificação heroica conquistada contra a favorita Ponte Preta, o arqueiro relembrou como foram as conversas com seu filho antes do jogo.

“Eu tinha conversado com a minha esposa antes, durante a semana, e ele vinha contando os dias para mim ir embora. Todo dia eu ligava para casa e ele falava: ‘Rapaz, hoje falta quinze dias’, no outro dia ‘quatorze dias'”, relatou.

“Aí, depois do último jogo do Catarinense, eu liguei para casa e ele falou que faltavam três dias. De domingo a quarta eram três dias para eu ir embora. Ele falou que ia torcer para a Ponte Preta, e eu respondi: ‘Não, filho, não torce para a Ponte, não… Você sabe o sacrifício que o papai tem para estar trabalhando, para trazer graninha para dentro de casa, para comprar seus brinquedos e tal, e essa vitória vai ser muito importante, não só para o papai, mas para o time do Concórdia também, que sabe a dificuldade dos times pequenos, financeiramente, e a Copa do Brasil dá esse suporte se passar de fase'”, recordou.

“Mas, sabe como é criança, né? A minha mulher até brincou que ele estava jogando futebol no quintal e, quando fazia gol, gritava que era da Ponte Preta; quando não fazia, era o Galo, Concórdia (risos)”, divertiu-se.

“Ele não entende ainda, mas a gente sabe a importância que foi essa vitória, não só para o Concórdia, mas para todos nós, atletas do Concórdia”, comentou.

Villa, aliás, aproveitou a folga que o elenco do time catarinense ganhou para regressar a São Paulo e passar alguns dias com a família, já que seu filho segue com saudades.

“O professor Zata nos deu três dias de folga e eu aproveitei e vim embora (para Santa Rosa do Viterbo), porque a minha mulher me mandou um vídeo dele depois do jogo, e ele estava chorando de soluçar, falando ‘que agora o papai não ia embora, que o papai ia ficar lá, que o papai gostava de ficar com os amigos, não com ele’. Claro, acabou me comovendo também”, afirmou.

“Acabei comprando uma passagem de Chapecó para São Paulo ontem e cheguei aqui em casa, no interior de São Paulo, ontem, para fazer uma surpresa para ele”, continuou, se emocionando.

“Ontem à tarde, quando eu cheguei, deu tempo de buscar ele na escola. Eu fiquei esperando no portão, ele ficou me olhando assim. Eu chamando ele, a professora já tinha liberado ele, e ele me olhando. Aí eu chamei bem baixinho, ele ouviu minha voz e começou a gritar ‘papai!’, foi muito emocionante”, ressaltou.

Mesmo no meio da emoção, o jovem Vini ainda aproveitou para tirar sarro do papai.

“Eu até perguntei: ‘Você não vai reconhecer o pai?’, e ele falou: ‘Vai que é um bandido disfarçado de papai’ (risos)”, gargalhou.

“A gente vai ensinando as crianças para não falar com estranhos, então, graças a Deus, estão aprendendo”, finalizou o pai exemplar.

www.espn.com.br – FUTEBOL

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