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Líderes de direita na América Latina inspiram governo Trump

Nos primeiros dias de mandato, Donald Trump deixou algumas pistas de como se relacionará com países da América Latina, mencionando especialmente o Brasil. “América Latina [incluindo Brasil] precisa muito mais dos EUA do que os EUA precisam dela”, declarou o republicano recém-empossado em seu retorno à Casa Branca. Trump também afirmou que a Venezuela está um “desastre” e seu governo não tem a intenção de negociar a compra de petróleo com o regime de Nicolás Maduro.

Em contrapartida, o líder americano e membros de sua nova gestão fizeram elogios a líderes de direita em ascensão na região, sendo os que mais se destacam Javier Milei, presidente da Argentina, e Nayib Bukele, presidente de El Salvador.

Essas figuras que emergem no cenário internacional chamaram a atenção de Trump por suas políticas linha-dura contra o crime e pelo anseio por mudanças estruturais na organização do Estado.

Milei chegou à Casa Rosada após vencer as eleições presidenciais em 2023 com promessas de redução dos gastos públicos, cortes da burocracia e o fim da “casta política”, questões herdadas de uma administração peronista que deixou a nação em ruínas.

O presidente da Argentina, Javier Milei, é admirado por líderes de direita nos EUA. Crédito: EFE/Matías Martin Campaya (Foto: EFE/Matías Martin Campaya)

Desde então, nesse período de um ano e um mês de governo, conseguiu executar boa parte dessas medidas aguardadas, além de ter tirado a Argentina da recessão. As realizações de Milei o transformaram em uma estrela da direita global ascendente.

No dia da posse de Trump, Milei informou à imprensa americana que seu país já havia cortado mais de 900 regulamentações do Estado até o momento. O mandatário argentino, que foi chamado pelo homólogo americano de “meu presidente favorito”, ofereceu aconselhamento a Trump e Elon Musk – que chefia o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) – sobre o corte da burocracia nos Estados Unidos, uma das principais metas defendidas pela nova gestão.

Na Argentina, Milei cortou os gastos públicos reais em 30% e demitiu 36 mil funcionários públicos no primeiro ano de mandato, números que chamaram a atenção do governo Trump.

Outros feitos de sua administração foram o fechamento do Ministério da Mulher e Diversidade, além da redução drástica das pensões e subsídios firmados pelo peronismo.

De acordo com o governo Milei, o extinto Ministério da Mulher “foi criado e usado pela administração anterior para fins político-partidários, para propagar e impor uma agenda ideológica, contratar ativistas e organizar palestras e eventos”. Essa medida está alinhada com as primeiras ordens emitidas por Trump em seu segundo mandato ao extinguir políticas de Diversidade da Casa Branca, as chamadas políticas DEI.

O corte de custos resultou em um superávit fiscal e reduziu a inflação de 26% ao mês em dezembro de 2023, quando Milei assumiu o cargo, para 2,7% ao mês um ano depois. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento da economia argentina em 5% neste ano, após contrair 2,8% em 2024.

Em El Salvador, combate ao crime e implementação do Bitcoin foram destaques

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, também recebeu os olhares da nova administração de Donald Trump por seu esforço em acabar com o crime organizado, comandado por gangues, e a iniciativa estatal de investir em criptomoedas – em 2021, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda oficial, junto ao dólar americano.

Assim como Milei, Bukele ofereceu “ajuda” de sua administração aos Estados Unidos para reduzir a taxa de homicídios no país. A declaração surgiu após uma manifestação de Elon Musk sobre a necessidade dos Estados Unidos reduzirem a criminalidade.

Musk defendeu anteriormente o desejo de que o país “seguisse os passos” de El Salvador, que conseguiu uma redução drástica dos homicídios graças a uma dura legislação promovida por Bukele em seu primeiro mandato.

O presidente argentino, Javier Milei (à direita), acompanhado do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, cumprimenta apoiadores na Casa Rosada, em Buenos Aires, Argentina, no dia 30 de setembro de 2024: combate ao crimeO presidente argentino, Javier Milei (à direita), acompanhado do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, cumprimenta apoiadores na Casa Rosada, em Buenos Aires. Crédito: EFE/ Juan Ignácio Roncoroni (Foto: EFE/ Juan Ignácio Roncoroni)

Em 2023, antes de cogitar ser um integrante do novo governo Trump, o então senador Marco Rubio, agora confirmado como Secretário de Estado dos EUA, elogiou Bukele por ter “trazido a liberdade” ao país centro-americano.

O presidente salvadorenho decretou um regime emergencial em 2022, motivado pelo assassinato de mais de 60 pessoas no país, como consequência da atividade de grupos criminosos. Desde então, Bukele declarou “guerra ao crime de gangues”, enviando milhares de membros de gangues para a uma mega prisão construída durante seu governo.

Além dessa inspiração, o governo Trump deu um primeiro passo na terça-feira (21) para reduzir as barreiras regulatórias no setor das criptomoedas. Em comunicado, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) anunciou que seu presidente interino, Mark Uyeda, lançou um “grupo de trabalho sobre criptomoedas” com o objetivo de “desenvolver um marco regulatório claro e abrangente para os criptoativos”.

Durante sua campanha, Trump prometeu ser um “presidente cripto” ao reverter as medidas de maior supervisão sobre criptomoedas do governo de seu antecessor, Joe Biden.

Bukele seguiu na mesma direção em sua primeira administração, indicando que a agenda dos líderes da direita latino-americana está alinhada com alguns objetivos da nova presidência de Donald Trump.

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