Data e Hora

Eletrobras era uma empresa “sem clientes” antes da privatização, diz CEO

Alvo de fortes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter sido privatizada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), o CEO da Eletrobras, Ivan Monteiro, afirmou nesta quarta (26) que a empresa operava sem uma base real de clientes e com uma gestão ineficiente antes de ser vendida em 2022.

A afirmação ocorreu no mesmo dia em que a Assembleia-Geral Extraordinária da empresa aprovou o aumento do número de assentos no conselho de administração, passando de 9 para 10. Com isso, o governo conseguirá emplacar três cadeiras, e não apenas uma a que tem direito.

“Eu defino a Eletrobras como um grande hardware que tinha um software de gestão muito ruim. E, sabendo que a gente poderia extrair daquele ativo uma contribuição extraordinária para o resultado da companhia, a gente implementou isso”, disse o CEO durante um evento empresarial em São Paulo.

Desde a privatização, a nova gestão tem implementado mudanças na estrutura da companhia, padronizando processos como compras, pagamentos, relacionamento com bancos e gestão de força de trabalho. O objetivo, segundo Monteiro, foi transformar a estatal em uma empresa mais eficiente e alinhada às práticas do setor privado.

Com 36 anos de experiência em estatais, sendo 32 no Banco do Brasil e quatro na Petrobras, o executivo destacou que um dos maiores desafios ao assumir o cargo foi perceber que a Eletrobras não se comportava como uma empresa tradicional de mercado.

“Eu até brincava que, se o cliente entrasse no prédio, o antivírus matava, porque nunca viu aquilo”, disse, ressaltando a falta de uma cultura voltada ao atendimento direto.

O executivo afirmou ainda que 2025 marcará o fim dessa fase de transição de uma empresa estatal para privada, mesmo em uma guerra de braço com o governo para alterar as regras do poder de voto no conselho de administração.

“Nós não vamos mais usar essa expressão [turnaround] dentro da Eletrobras”, declarou sinalizando que a empresa passará a operar de forma definitiva sob sua nova estrutura de governança.

Desde o início do terceiro mandato de Lula, o governo vinha tentando mudar a composição do conselho de administração para ter mais poder de voto nas decisões. Isso porque a União possui 40% das ações da Eletrobras, mas apenas 1 dos 9 assentos – agora ampliado.

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