A ministra Nísia Trindade, de saída do Ministério da Saúde, criticou nesta quarta (26) o que teria sido uma “fritura” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para decidir pela sua demissão da pasta na terça (25). Ela declarou ser “inconcebível” e que “não deveria acontecer”, principalmente em relação à apuração da imprensa com interlocutores próximos ao governo.
“Estou me referindo ao processo chamado por vocês de ‘fritura’ na imprensa, isso é inconcebível, não deveria acontecer. Simplesmente se deveria apurar os fatos e não se antecipar decisões que cabem ao presidente”, disse a jornalistas em tom de irritação ao chegar no ministério mais cedo.
Nísia será substituída pelo atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que já ocupou a Saúde no segundo mandato de Lula, entre 2009 e 2010, e em 2013 na gestão de Dilma Rousseff (PT). Ele assumirá oficialmente o ministério após o Carnaval, no dia 6 de março.
Nísia Trindade se disse tranquila com a demissão do governo e afirmou entender que Lula buscava um perfil mais técnico e político para estes dois últimos anos de mandato.
“Acho que o presidente entende que as dimensões técnico-políticas, pelo que ele me relatou, são importantes neste momento. O que eu disse pra ele [é que] ele é o técnico de um time, faz parte da vivência de qualquer governo substituição de ministros. Isso nada depõe em relação ao meu trabalho, sou muito consciente disso”, frisou a ministra.
A saída de Nísia do governo já era comentada nos bastidores desde o final do ano passado com uma pressão principalmente do centrão por mais espaço na Esplanada. Embora a Saúde estivesse no radar de partidos do grupo, por conta do grande orçamento e da visibilidade, Lula preferiu tirar uma técnica para colocar alguém do seu próprio partido.
Esta é a segunda mudança na reforma ministerial que vem sendo discutida desde 2024, que começou com a saída de Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação Social (Secom) para dar lugar ao publicitário Sidônio Palmeira para melhorar a popularidade do presidente.
Há, ainda, a expectativa de que o deputado federal José Guimarães (PT-CE) assuma o cargo de Padilha nas Relações Institucionais para abrir espaço para o centrão ocupar a liderança do governo na Câmara dos Deputados – um dos cotados é o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL).