O ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, passou cerca de duas horas e meia na Polícia Federal (PF) em depoimento sobre as acusações de assédio sexual contra algumas mulheres, entre elas a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A defesa do ex-ministro tentou adiar o depoimento, mas a PF manteve a oitiva para a tarde desta terça-feira (25), em Brasília. Almeida chegou ao prédio da PF por volta das 14 horas e deixou o local às 18 horas.
Almeida foi demitido do cargo de ministro em setembro de 2024 após a ong Me Too Brasil divulgar as denúncias. A ONG se baseou em relatos anônimos feitos por meio dos canais de atendimento da organização. A revelação do caso teve o consentimento das denunciantes.
Pelo menos, três mulheres que dizem ter sido vítimas do ex-ministro já prestaram depoimento à PF. Almeida nega as acusações e diz ser alvo de “intriga” política.
Denúncia de Anielle Franco
De acordo com relatos da ministra Anielle Franco, Silvio Almeida a teria importunado ainda durante a transição de governo, em 2022. Em sua defesa, Almeida diz ter sido tratado por Anielle com hostilidade durante a transição.
“Não convivemos durante a transição. Tenho lembrança de ter encontrado Anielle em duas ocasiões. Num jantar, em que minha esposa, grávida, ficou conversando com a ministra. Depois no dia em que fomos anunciados ministros. Não tenho lembrança de ter me encontrado com ela durante os trabalhos”, disse em entrevista ao UOL publicada na segunda (24).
O ex-ministro afirma que, num dos episódios supostamente narrados por Anielle, houve uma reunião tensa em Brasília em que os dois teriam divergido sobre o enfrentamento ao racismo nos aeroportos.
Agora, após o depoimento do ex-ministro, cabe à Polícia Federal decidir se indicia Silvio Almeida ou não por importunação sexual. A expectativa é de que a decisão da PF seja anunciada nas próximas semanas.