Ronaldo ‘Fenômeno’ não escondeu a sua preocupação com o processo eleitoral da CBF. O ex-atacante tem interesse em substituir Ednaldo Rodrigues na presidência da entidade.
A eleição ainda não tem data para acontecer, mas pode ser realizada a qualquer momento a partir do dia 23 de março. O processo eleitoral preocupa Ronaldo ‘Fenômeno’.
Em carta enviada para CBF, Fifa, Conmebol e presidentes de clubes das Séries A e B do Brasileiro, o ex-atacante pede que a data da eleição seja definida com pelo menos um mês de antecedência para “assegurar a organização e participação dos interessados”.
Além disso, Ronaldo ‘Fenômeno’ solicita que o processo eleitoral seja “supervisionado presencialmente pela FIFA e pela CONMEBOL, para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral, bem como alinhamento aos princípios internacionais de governança no futebol”.
Para ser um dos candidatos à presidência da CBF, Ronaldo Fenômeno precisa conseguir o apoio de quatro federações estaduais e quatro clubes que disputam as Séries A e B do Brasileiro. Se o ex-atacante conseguir, vai ser a primeira vez desde 1989 que a eleição tem mais de um candidato.
Na eleição da CBF, os votos das 26 federações estaduais e a do Distrito Federal têm peso três, enquanto dos clubes da Série A têm peso dois e os da Série B têm peso um.
Confira abaixo a carta de Ronaldo ‘Fenômeno’
Prezados Senhores,
Conforme comuniquei publicamente, pretendo me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito. Preocupa-me, no entanto, a falta de transparência e segurança jurídica no processo eleitoral, que pode comprometer a imparcialidade e a legitimidade das eleições.
É notório que, com o estatuto vigente, o presidente em exercício tem controle absoluto de todo o processo – o que, por si só, nos distancia das condições de concorrência leal e isonômica. Além de não contribuir para a integridade do pleito, o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas.
Ademais, a crise dos últimos anos no comando da CBF, marcada por uma série de interferências externas e disputas judiciais incompatíveis com a autonomia e grandeza da entidade, maculou sua reputação a nível mundial e colocou em risco a sua independência.
Se existe um fato incontestável nesses anos de imbróglio – que, inclusive, antecede a atual gestão – é que essa sucessão de acontecimentos gerou um sentimento coletivo de insegurança jurídica e afetou negativamente a credibilidade da confederação.
Faltam menos de 16 meses para a próxima Copa do Mundo – chegaremos a 2026 com um jejum de 24 anos sem o título – e tudo que o futebol brasileiro não precisa agora é passar por um processo eleitoral de legitimidade duvidosa. O que precisamos é de tempo para dar voz e espaço aos clubes que, unidos, são ainda mais fortes; para escutar as federações em prol de melhorias nas competições e desenvolvimento do esporte em seus estados; para que a força da visão compartilhada, no alinhamento estratégico, nos conduza à mudança.
À luz dessas preocupações, solicito que a data para as próximas eleições – cujo prazo estatutário é de um ano a partir de 23 de março de 2025 – seja definida com antecedência mínima de um mês, a fim de assegurar a organização e participação dos interessados.
Solicito ainda que o pleito seja supervisionado presencialmente pela FIFA e pela CONMEBOL, para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral, bem como alinhamento aos princípios internacionais de governança no futebol. Está nas mãos do colégio eleitoral a oportunidade e a responsabilidade de atender à urgência de um choque de gestão na CBF, que comece por restaurar a confiança na instituição e seja sustentável no longo prazo. Reitero minha completa disposição colaborativa para a reconstrução da credibilidade e proteção do futuro da entidade. O futebol brasileiro é patrimônio público – cabe a nós defendê-lo.