O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou nesta quarta (12) os ataques ao ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como responsável por elevar a taxa básica de juros no país e negou que haja uma crise fiscal, como apontada pelo mercado financeiro como preocupação pelo crescimento das contas públicas.
Para ele, Campos Neto – que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – tinha um comportamento “anti-Brasil” que será resolvido aos poucos pelo seu indicado à autarquia, Gabriel Galípolo, que “consertará a Selic”.
“Ele foi o cidadão que teve o comportamento muito anti-Brasil no Banco Central. Ele falava mal do Brasil o tempo inteiro, passava descrédito para os empresários inclusive no exterior e foi aumentando cada vez mais a taxa de juros”, atacou em entrevista à rádio Diário FM, do Amapá, onde cumprirá agenda na quinta (13) com o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
De acordo com Lula, Campos Neto elevou a taxa básica de juros num nível que não é possível baixar imediatamente e que, por isso, Galípolo não pode simplesmente dar uma canetada como um “cavalo de pau” na economia.
“Não é possível você imaginar um país do tamanho do Brasil e dar um ‘cavalo de pau’, um navio do tamanho do Brasil num mar revolto como está no mundo. Temos que ir ajustando as coisas e eu tenho certeza que o Gabriel Galípolo vai consertar a taxa de juros nesse país, e temos que dar a ele o tempo necessário para fazer as coisas”, afirmou.
Por outro lado, e contrariando a preocupação do mercado financeiro com as contas públicas brasileiras, Lula negou que haja uma crise fiscal no país e disse que pretende entregar a economia com sucessivos superávits, como fez em seus mandatos anteriores.
Para ele, há uma estabilidade fiscal no país.
“Eu quero repetir esse sucesso [do passado] no Brasil, e acho que os ministros têm que falar, tem que viajar, conversar com o povo, com os empresários, prefeitos, governadores, sem se preocupar com o partido político”, disse.
Lula também afirmou que o alto preço dos alimentos é fruto do aumento do custo de vida no país, a lei da oferta e da demanda. Há, ainda, o aumento da exportação de commodities, como grãos, proteínas e etanol, e que “todo mundo quer comprar” do Brasil, mas que o governo está analisando em como não desequilibrar o abastecimento interno para suprir o mercado externo.
De acordo com ele, há novas reuniões programadas com produtores para buscar uma solução para “baratear os alimentos e continuar aumentando os salários”.
O presidente visitará a capital amapaense, Macapá, acompanhado de Alcolumbre e de políticos locais, entre eles o líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), para anunciar obras federais e a inauguração de um dos trechos da linha de transmissão de energia para “resolver definitivamente o problema do apagão que teve em 2020”.