O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta (12) que “houve um vazio” na política brasileira após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 e que, desde então, pouco foi feito pelo país até ele retornar ao poder.
A crítica foi seguida de novos ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem ele se refere como “o cidadão”, em que afirmou que sairá da presidência em 2026 “de cabeça erguida” e sem “fugir para Miami”, prometendo entregar a faixa presidencial ao próximo eleito que o suceder no Palácio do Planalto.
“Houve um interregno (intervalo) de governo depois do impeachment da Dilma com a entrada do presidente Temer e com a entrada do outro cidadão aí [Bolsonaro], acho que houve um vazio na política brasileira. Se deixou de construir”, disse o presidente em entrevista à rádio Diário FM do Amapá, estado que ele visitará na quinta (13) com o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Lula afirmou que governa olhando o passado para não repetir os mesmos erros no presente e no futuro, uma crítica constante a Bolsonaro a quem ele acusa de ter destruído as políticas públicas implantadas pelos governos petistas anteriores.
Os ataques ao ex-presidente se tornaram mais frequentes há, pelo menos, duas semanas após o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, mudar a estratégia de comunicação o colocando para falar com a imprensa mais frequentemente, além de mais discursos para divulgar os feitos do governo.
“Eu poderia perguntar, em todo estado que eu vou, o que que foi feito nesses sete anos depois do impeachment da Dilma. Quase nada foi feito nesse país, na educação, na saúde, na cultura, então foi tudo desmontado”, disparou Lula.
Em outro momento, Lula voltou a repetir o discurso de que nenhum país do mundo queria receber Bolsonaro e que ele reabriu as relações com outros países, aumentando o comércio exterior brasileiro. “E tinhamos um presidente que ninguém queria vir aqui”, emendou.
Ainda durante a fala à emissora, Lula elencou os programas que tem implantado em seu governo, principalmente na área de educação, para formar uma população de classe média com vistas a entregar uma economia melhor no final de 2026, quando termina seu mandato. Ele, no entanto, evitou comentar se pretende se candidatar à reeleição, embora as pesquisas de opinião o apontem como o único candidato da esquerda capaz de disputar a eleição com chances de ir para um segundo turno.
“Eu preciso entregar tudo aquilo que eu prometi pro povo e sair de cabeça erguida como eu entrei, descer a rampa [do Palácio do Planalto] ir lá cumprimentar o povo, não quero fugir pra Miami, não quero deixar de colocar a faixa no presidente que ganhar as eleições”, disparou Lula lembrando como foi a transição do governo Bolsonaro, que se ausentou do Brasil dias antes da posse e não passou a faixa presidencial.
Lula ainda citou que voltou a governar o país para “consolidar o processo democrático, que está em risco”, um discurso também constante em suas falas. Para ele, a “mentira” vem ganhando espaço no mundo.
“O que está em risco no Brasil é a mentira ganhar da verdade. […] Estamos vivendo num mundo em que a mentira tem ganhado um espaço extraordinário, é só ver as eleições nos Estados Unidos, é só ver o que está acontecendo na Alemanha e em outros países”, pontuou.
O presidente visitará a capital amapaense, Macapá, acompanhado de Alcolumbre e de políticos locais, entre eles o líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), para anunciar obras federais e a inauguração de um dos trechos da linha de transmissão de energia para “resolver definitivamente o problema do apagão que teve em 2020”.